Cidades costeiras na Ásia estão a ‘afundar-se’ mais rapidamente do que em qualquer outra parte do mundo



Várias áreas urbanas localizadas nas costas de países em todo o mundo estão a perder terreno para o mar, que, devido ao degelo, tem vindo a subir consecutivamente, roubando espaço às populações que se radicaram nas zonas litorais. Contudo, essa perda de área terrestre poderá não estar apenas relacionada com a subida do nível do mar, mas com o abatimento do solo.

De acordo com um estudo publicado recentemente na revista ‘Nature’, os cientistas argumentam que as atenções das comunidades científicas e políticas a nível internacional se têm concentrado nos riscos relacionados com a subida do nível do mar, bem como nas estratégias de mitigação e adaptação.

No entanto, apesar de afirmarem que esses esforços são necessários e corretos, alertam que “menos atenção tem sido prestada à subsidência de terras locais”, ou seja, ao abatimento dos solos que faz com que o mar ganhe terreno e afete as comunidades costeiras.

“Muitas das áreas costeiras que estão a experienciar os ritmos mais rápidos de subsidência são grandes cidades construídas em deltas de rios planos e pouco elevados”, o que, defendem os especialistas, “expõe grandes populações e valores económicos substanciais aos impactos” da subida do nível do mar, relacionada com o abatimento do solo.

Por isso, os autores advogam que “é crucial considerar a subsidência local do solo quando se avaliam os futuros riscos [da subida relativa do nível do mar] para o desenvolvimento sustentável de áreas costeiras”.

Os cientistas explicam que esse abatimento de terras é causado por fluxos de água subterrânea, pela exploração de combustíveis fósseis e pela compactação de sedimentos que ocorre de forma natural, devido ao peso das camadas mais cimeiras do solo sobre as que estão mais abaixo, num movimento vertical.

O artigo avança que é na Ásia que se localizam as cidades costeiras que estão a ‘afundar-se’ mais rapidamente, com especial destaque para a região sudeste. Dessa lista, constam cidades como Tianjin, na China, Ho Chi Minh, no Vietnam, Chittagong, no Bangladesh, Yangon, no Myanmar, Jakarta, na Indonésia, e Ahmedabad, na Índia.

Muitas das cidades costeiras que registam os ritmos de subsidência mais velozes “são megacidades em rápida expansão, em que fatores antropogénicos, como a grande procura por extração de águas subterrâneas” e o peso das áreas de construção “contribuem para a subsidência local do solo”.

Os cientistas acreditam que a rápida subsidência dos solos representa um perigo mais significativo para as comunidades costeiras do que o aumento do nível do mar provocado atualmente pelas alterações climáticas. Assim, a avaliação das ameaças a que essas populações estão expostas devem incluir essas duas dimensões, para que os riscos e os possíveis impactos possam ser corretamente estimados.

“Quando munidas de mapas de alta-resolução da subsidência nas suas áreas, as comunidades afetadas podem identificar as causas e tomar ações diretas para reduzir os futuros riscos costeiros, independentemente das ações tomadas pelo resto do mundo face às alterações climáticas e ao aumento do nível do mar provocado pelo clima”, defendem.





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