Adega de Monção quer investir 3 milhões para aumentar produção e eficiência energética
A Adega Cooperativa Regional de Monção pretende investir, no próximo ano, cerca de três milhões de euros para aumentar a capacidade de fermentação de vinho e a eficiência energética, disse hoje o seu presidente Armando Fontainhas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da adega de Monção, no distrito de Viana do Casstelo, explicou que os “dois grandes projetos foram submetidos a apoios do Estado, mas também serão suportados por capitais próprios”.
“A adega não vai recorrer a financiamentos. Temos capitais próprios para esses projetos”, garantiu, justificando a necessidade de ampliação da capacidade de fermentação da adega com o emparcelamento agrícola de Moreira e Barroças e Taias, em Monção.
O projeto de ordenamento fundiário já concluído, repartido por aquelas freguesias do Vale do Gadanha, contempla 529 hectares de extensão, dos quais 127 de reconversão de vinha da casta Alvarinho, pertencentes a 616 proprietários, num total de 892 lotes.
“São 130 hectares de produção da casta Alvarinho que vai implicar um impacto muito grande na estrutura da adega de Monção. Vamos ter de ampliar a nossa capacidade de fermentação para poder comportar as uvas que, dentro de dois a três anos, virão do emparcelamento”, explicou Armando Fontaínhas.
Segundo da adega de Monção “o projeto está, neste momento, no IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas e ronda um milhão de euros de investimento”.
“Esperamos uma resposta do IFAP ainda durante este ano, para podermos iniciar o projeto durante o ano de 2023. Não se trata de construir estruturas físicas, mas essencialmente adquirir cubas, bombas e outro tipo de equipamentos de fermentação”, especificou o presidente, que divide a gestão da adega com uma empresa de consultoria e serviços de contabilidade de que é proprietário.
Armando Fontaínhas adiantou que a adega candidatou, em junho, ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um projeto que ronda os dois milhões de euros, na área da eficiência energética, com instalação de mais painéis solares.
“Já fizemos um grande investimento em painéis solares. Tínhamos 75 kilowatts e vamos instalar agora mais 143 que já estão a funcionar parcialmente. Temos também outro grande investimento, no âmbito do PRR, para nos permitir trabalhar com menos consumo energético e menos custos de funcionamento”, disse.
“Nesta altura, a adega já tem capacidade instalada para produzir 225 kilowatts”, destacou, afirmando que o objetivo do novo projeto “não é aumentar a capacidade de energia, mas antes gastar menos”.
“Vamos trocar equipamentos que gastam mais, por outros que gastam menos. No fundo, vamos melhorar a eficiência e vamos tornar os ‘layout’ internos de maneira que se gaste menos energia”, disse.
O projeto contempla ainda a aquisição de duas viaturas elétricas “para deslocações fixas e constantes”, com o objetivo de “diminuir a peugada ecológica” da adega de Monção.
Questionado pela Lusa sobre o aumento dos custos de produção, Armando Fontainhas garantiu que “é elevadíssimo”.
“Neste momento, não posso falar de escassez, porque temos conseguido um abastecimento regular, de garrafas e cartão, mas o preço das garrafas teve um aumento muito grande, entre 30 a 35% e, o do cartão mais do que duplicou”, lamentou.
Segundo o responsável, “o preço do cartão teve um aumento de mais de 100%”, sendo que “uma caixa para seis garrafas que antes custava cerca de 20 cêntimos, hoje custa 42 cêntimos. Quanto às garrafas, a adega faz três a quatro produções específicas, dependendo da época do ano e, por isso, compra, por ano, seis milhões de garrafas”, especificou.
Quanto à repercussão do aumento dos custos de produção no preço final, Armando Fontaínhas, disse que, em maio, a adega fez “um aumento muito pequeno”.
“Não fizemos mais, porque o consumidor poderia desviar dos nossos vinhos para o consumo de vinhos mais baratos. Também não podemos repercutir todos esses custos no consumidor final e, por isso, parte estamos a suportá-los”, apontou.
A adega produz 6,5 milhões de garrafas por ano, cerca de 80% para o mercado nacional, e o restante para exportação para 30 países como EUA, Polónia Reino Unido, França, Brasil, Japão e China.
Em 2021 o volume de faturação da adega, que emprega 31 trabalhadores, foi de 16,2 milhões de euros.
A adega de Monção, concelho que juntamente com Melgaço forma uma sub-região demarcada dos Vinhos Verdes, e onde a casta Alvarinho é melhor representada, foi fundada a 11 de outubro de 1958, por iniciativa de 25 viticultores, entre estes cinco irmãos do atual presidente, de 55 anos.
Armando Fontainha faz parte da direção da instituição desde 2001. Desempenhou as funções de vice-presidente durante 13 anos e, nos últimos nove anos, assumiu a presidência.
Segundo dados da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), a sub-região de Monção e Melgaço tem uma área total de 45 mil hectares, 1.730 dos quais cultivados com vinha, sendo que a casta Alvarinho ocupa cerca de 1.340 hectares.