Expedição científica identifica quatro zonas a preservar ao largo de Cascais, Sintra e Mafra
As regiões marinhas da montanha de Camões, Cabo da Roca, a plataforma rochosa da Ericeira, e entre o Cabo Raso e a costa sul de Cascais são zonas importantes a preservar, revelou hoje uma investigação.
As regiões integram uma área ao largo dos municípios de Cascais, Sintra e Mafra estudada com trabalho de campo nos últimos 12 dias, tendo o coordenador científico da iniciativa, Emanuel Gonçalves, destacado hoje, no final da expedição científica, que para já se verificou que aquelas são zonas de grande biodiversidade e com mais valores naturais. O trabalho de análise dos dados vai agora continuar nos próximos meses.
Com o apoio dos três municípios, da Fundação Oceano Azul e do Governo de Portugal, a expedição teve como base o navio Santa Maria Manuela. A iniciativa partiu das três autarquias e tem como objetivo a possível criação de uma Área Marinha Protegida de Iniciativa Comunitária (AMPIC) na região envolvente.
Em 12 dias de trabalho de campo os investigadores que participaram na expedição trataram de aferir a biodiversidade de fauna e flora e de cartografar a região.
Ao todo, disse Emanuel Gonçalves, o Santa Maria Manuela percorreu 374 milhas, a que se acrescentam 256 milhas dos barcos de apoio, envolvendo 150 participantes, incluindo 58 investigadores de sete instituições e 17 pescadores com cinco embarcações, pertencentes a diferentes associações.
Ao longo dos 12 dias foram feitos mais de 270 mergulhos e foi examinada ao pormenor uma área correspondente a mais de 90 mil metros quadrados, tendo sido identificadas, por exemplo, mais de 50 espécies de peixes e 30 espécies de macroalgas.
E se entre a superfície e o fundo, a chamada coluna de água, os resultados foram pobres, Emanuel Gonçalves disse que as câmaras de filmar de fundo mostraram a Montanha de Camões, localizada 22 quilómetros a oeste do Cabo da Roca, coberta de florestas de algas, com jardins de organismos da família dos corais, esponjas e muitas outras espécies.
Em vários outros locais foram “identificados ambientes interessantes para conservação” disse o responsável, congratulando-se por também terem sido identificadas muitas espécies da pardela-balear, uma ave considerada ameaçada em outras regiões.
Na sessão de apresentação de hoje participaram também as autarquias envolvidas, tendo Pedro Carmo e Silva, vereador da Câmara de Mafra defendido que o conhecimento adquirido nos 12 dias deve ser o ponto de partida para a mobilização no sentido da preservação do mar adjacente às três câmaras.
Pedro Ventura, vereador da Câmara de Sintra, foi mais explícito, afirmando que “o comprometimento da Câmara de Sintra é total, é para avançar sem hesitações”.
E Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, destacou a importância do conhecimento científico e da participação dos cidadãos para todo o processo, no qual, frisou, a autarquia tem, “de facto, interesse”, e no qual o Governo, disse, também mostrou interesse.
José Maria Costa, secretário de Estado do Mar, que encerrou a cerimónia de hoje, disse que o projeto da AMPIC já foi tema de discussão com outros membros do Governo e que “está a trabalhar-se” no assunto.
A “Expedição Oceano Azul Cascais/Mafra/Sintra” envolveu instituições científicas como o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, o CCMAR – Centro de Ciências do Mar, o CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o IH – Instituto Hidrográfico.
Com os dados e imagens recolhidos, que vão agora ser estudados, será produzido um relatório científico, e será também feito um documentário.