Degelo de glaciar na Antártida pode aumentar o nível do mar em 1,5 metros, avisam cientistas
O Glaciar Denman, na região oriental da Antártida, tem o potencial para aumentar em 1,5 metros o nível global dos oceanos, e pode derreter a um ritmo de 70,8 mil milhões de toneladas todos os anos, se se tornar instável devido ao aquecimento da água do mar.
A revelação é feita por um estudo publicado recentemente na revista ‘Geophysical Research Letters’, que alerta que “alterações no glaciar poderão ter um grande impacto na futura subida do nível do mar”. Os autores argumentam que a entrada de água do mar mais quente por uma cavidade no glaciar poderá derreter o gelo na sua base e causar “um recuo instável impulsionado pela água quente que flui para a cavidade”.
Estudos anteriores indicavam que as plataformas geladas na Antártida oriental “estavam isoladas das águas marinhas quentes”, por relação à realidade observada na região a ocidente, e, por isso, acreditava-se que seriam mais estáveis, mas esta investigação mostra que “estão potencialmente vulneráveis” devido às águas a maiores temperaturas que são transportadas pelas correntes oceânicas.
Recorrendo a instrumentos flutuantes, os investigadores tinham definido como objeto de estudo outro glaciar, o Totten, mas as ‘boias’ científicas afastaram-se do local designado e aproximaram-se do Denman. Os dados foram recolhidos ao longo de quatro meses, desde dezembro de 2020.
O estudo explica que apesar de o degelo da parte flutuante do glaciar, a plataforma de gelo, não ter impactos significativos no nível do mar, ao tornar-se mais fina e mais fraca perde a capacidade para condicionar o fluxo de gelo da Antártida para o oceano, e é aí que reside o perigo.
Embora esteja localizado numa região remota do continente da Antártida, o Denman pode tornar-se instável e vir a contribuir mais para a subida do nível do mar do que anteriormente se pensava. Assim, os cientistas defendem que as projeções sobre o aumento futuro do nível do mar devem incluir também o oriente antártico, não apenas a parte ocidental.
As mediações permitiram perceber que o degelo do Denman está a acontecer mais rapidamente do que noutros glaciares na Antártida e assemelha-se aos fenómenos observados na região ocidental, mas os cientistas afirmam que são precisas mais observações para melhor compreender como está a evoluir a instabilidade desse glaciar.