Procura por a procura por edifícios “verdes” está a aumentar nos mercados de Lisboa e Porto



Com o tema da descarbonização a apresentar um destaque cada vez maior na agenda empresarial, existe uma “feroz” competição no que respeita aos espaços de escritório “verdes” e energeticamente eficientes. A Savills verificou que, em 20 cidades, os escritórios com certificações sustentáveis representam atualmente uma média de 22% do stock total, variando entre 15% em Los Angeles e Londres (City) e cerca de 40% em cidades como Varsóvia, São Francisco e Nova Iorque. Uma análise mais aprofundada mostra que “não existe uma oferta recente que seja suficiente para satisfazer a procura por parte dos ocupantes”.

De acordo com o Savills Green Office Deficit Index, as cidades que enfrentam os maiores desafios em termos de disponibilidade de green offices são Los Angeles, Paris, Frankfurt e Seul. Los Angeles, com 95% do seu stock construído antes de 2010 e apenas 13% com certificação sustentável “deixará os inquilinos com uma reduzida opção de escolha, devido a uma atividade de construção de novos edifícios que se encontra em níveis nova extremamente baixos”.

Paris e Frankfurt com pipeline capaz de satisfazer oferta só durante 3 a 6 meses

Paris e Frankfurt seguem com um pipeline que só poderá satisfazer o equivalente entre três a seis meses em termos de procura. Seul é outro mercado que irá testemunhar uma queda na atividade de construção durante os próximos dois anos. A nova oferta corresponde apenas a cerca de sete meses de absorção típica sendo que, 70% do seu stock é datado.

Eri Mitsostergiou, Director da Savills World Research, explica que “a procura de espaços de escritórios energeticamente eficientes nestas cidades está a ser impulsionada pelo aumento dos preços da energia, metas nacionais e empresariais para redução das emissões de carbono e também pela já conhecida guerra pelo talento. O desejo de trabalhar num ambiente sustentável é uma prioridade para a próxima geração e não deve ser subestimado. Por conseguinte, as empresas necessitam de assegurar este espaço ‘verde’ para se manterem competitivas e, desta forma, prosperarem”.

Dada esta procura crescente, os green offices são os primeiros espaços a ser ocupados e as empresas deverão procurar novos edifícios para satisfazer as suas necessidades. Os promotores, muito atentos a esta procura, bem como ao arrendamento premium alcançado pelo stock “verde” certificado e recentemente construído, “estão à altura do desafio”. De acordo com Savills, a entrega de escritórios novos ou renovados nas 20 cidades inquiridas até 2024, será 22% mais elevada relativamente à média anual dos últimos cinco anos.

No entanto, acrescenta a Savillis, existem alguns obstáculos relativamente a este pipeline de stock novo, o que significa que a oferta poderia cair ainda mais, uma vez que diversos programas se encontram on hold devido ao aumento dos custos de energia e interrupções da cadeia de abastecimento. Eri Mitsostergiou acrescenta que “o ritmo da nova construção é também suscetível de abrandar no futuro, devido à crescente preocupação em torno da redução das emissões de carbono ligadas ao processo de construção. Isto, por sua vez, aumentará a pressão sobre os proprietários para melhorar as credenciais ecológicas dos seus edifícios de escritórios, através de processos de renovação e de adaptação”.

Os regulamentos governamentais em torno do desempenho energético estão também adotar medidas mais restritivas a nível mundial, fator que “irá acelerar as iniciativas de renovação e reequipamento por parte de investidores e senhorios que pretendam reduzir o risco de ativos irrecuperáveis nas suas carteiras”.

Os regulamentos de desempenho energético têm sido introduzidos gradualmente e a diferentes velocidades nas 20 cidades que a Savills analisa. Mas, tendo 2010 como ano de referência, a Savills calculou que mais de 70% do stock total de escritórios foi construído antes deste ano, o que corresponde a cerca de 1,9 mil milhões de metros quadrados de espaço que necessita de uma atenção e intervenção quase imediatas.

“O desafio para enfrentar o défice de green offices é enorme”, sublinha Eri Mitsostergiou. “Mas com a procura pouco suscetível de abrandar, cabe à indústria ajudar a transformar o futuro do local de trabalho e a mitigar os impactos catastróficos das alterações climáticas”.

Stock de edifícios verdes em Portugal é datado e urge a sua reabilitação profunda” para que metas de eficiência energética sejam cumpridas até 2030

Nuno Fideles, Associate Architect, BREEAM AP & Sustainability Consultant da Savills Portugal, sublinha que “são vários os desafios que temos pela frente em Portugal. O stock de edifícios é datado e urge a sua reabilitação profunda para que as metas de eficiência energética consigam ser cumpridas até 2030. À semelhança do que assistimos em outros mercados mundiais, a procura por edifícios ‘verdes’ está a aumentar nos mercados de Lisboa e Porto. Os novos projetos, que ainda se assumem insuficientes perante o volume de procura, já são projetados de acordo com métricas de sustentabilidade, que se coadunam igualmente com os princípios ESG das empresas. Contudo, e perante um deadline muito curto para serem atingidos os objetivos climáticos, é necessário que a maior aposta seja feita na regeneração dos edifícios mais datados e uma aposta na obtenção de credenciais energéticas.”

 





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