Só 3% dos ecossistemas terrestres estão protegidos em Inglaterra. Organizações alertam que país poderá falhar metas internacionais



Em 2020, o governo do agora ex-Primeiro-ministro britânico Boris Johnson tinha prometido colocar sob proteção legal 30% dos ecossistemas terrestres em Inglaterra até 2030, afirmando que “a extinção é para sempre” e que, por isso, “as nossas ações devem ser imediatas”. Contudo, esse compromisso poderá não ser alcançado.

Um relatório da organização ambientalista Wildlife and Countryside Link, do Reino Unido, revela que, atualmente, apenas 3,22% das terras de Inglaterra e 8% dos ecossistemas marinhos “estão efetivamente protegidos”. Assim, desde 2021, essa proteção só foi alargada 0,22% no vetor terrestre e 4% nas áreas marinhas.

Dirigindo-se à atual líder do executivo britânico, Liz Truss, os ambientalistas pedem que sejam tomadas a medidas necessárias para que o Reino Unido possa ser “um líder global” na proteção da natureza. E criticam propostas em discussão pela esfera política britânica para aumentar a desregulação das áreas que deveriam, no entender dos ambientalistas, ver a sua proteção reforçada, e não o contrário.

Dois anos após a declaração de Johnson, “os defensores da natureza alertam que pouco progresso foi feito” e que os esforços da liderança conservadora para abandonar as leis que derivam da União Europeia, no âmbito do Brexit, terão consequências negativas significativas para a proteção dos habitats naturais no Reino Unido.

“O governo ainda pode estabelecer uma liderança internacional no que toca ao restauro da natureza”, admite Richard Brenwell, CEO da Wildlife and Countryside Link, que, contudo, refere que o Reino Unido está a ficar para trás na corrida para combater a perda de biodiversidade.

Beccy Speight, diretora-executiva da organização ambiental RSPB, alerta que “Inglaterra é um dos países em todo o mundo em que a natureza está mais degradada” e que, desde que o governo assumiu o compromisso em proteger 30% dos seus ecossistemas, “pouco ou nenhum progresso tem sido feito para aumentar as áreas protegidas”.

“De facto, eventos recentes indicam que o governo britânico poderá mesmo desmantelar as fundações que são precisas para alcançar este objetivo, ao propor planos para acabar com as leis que protegem a natureza”, acusa a responsável.

Proteger 30% dos ecossistemas terrestres e marinhos é um pilar central da Estratégia Global Pós-2020 para a Biodiversidade, que será discutida e deverá ser aprovada pelos Estados-membros das Nações Unidas na cimeira mundial COP15, que decorrerá em dezembro em Montreal, no Canadá.





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