Países têm de reduzir seis vezes mais as emissões até 2030 para limitar aquecimento global a 1,5 graus, avisam especialistas



Estamos a menos de um mês do começo da cimeira mundial do clima, a COP27, que este ano acontecerá em Sharm el-Sheik, no Egipto. Há sete anos, em Paris, os países das Nações Unidas assumiram o compromisso de reduzir as suas emissões poluentes para limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados face a níveis pré-industriais. Contudo, apesar de algum progresso, são precisos cortes ainda maiores.

O mais recente relatório do Instituto Mundial de Recursos (WRI) mostra que, de acordo com os compromissos climáticos assumidos pelos governos do mundo, conhecidos como ‘contribuições nacionalmente determinadas’, é preciso reduzir as emissões, pelo menos, em 43% até 2030, comparando com níveis de 2019, para ser possível alcançar a meta de Paris.

Atualmente, os compromissos nacionais assumidos contemplam uma diminuição de 7% até ao final da década. Embora isso signifique que menos 5,5 gigatoneladas de dióxido de carbono serão enviadas para a atmosfera, não é suficiente. Assim, os governos de todo o mundo precisam de ir mais longe e reduzir seis vezes mais as suas emissões.

O WRI reconhece, no entanto, que os países têm, realmente, vindo a reforçar os seus planos para reduzirem as emissões que produzem, abrangendo cada vez mais setores económicos e até reforçando a tónica sobre questões de género e incluindo povos indígenas.

Ainda assim, “é preciso fazer mais” para que a adaptação das sociedades humanas a um planeta em drástica transformação prossiga “ao ritmo e à escala que a crise climática exige”.

A organização salienta que poucos são os países que nos seus planos nacionais incluem prazos para a implementação das medidas que apresentam e que menos de metade das contribuições nacionalmente determinadas que foram apresentadas até ao momento preveem a criação de mecanismos de monitorização e avaliação dessas mesmas medidas.

Apesar de a Convenção-quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC), o principal instrumento internacional nesse campo, não obrigar os países a apresentarem o financiamento devotado ao clima, 53% dos governos, todos de países em desenvolvimento e que representam mais de metade da população mundial, já estimaram que precisarão de 4,3 biliões (trillion, em inglês) de dólares para conseguirem adaptar-se aos impactos das alterações climáticas e cumprir com as suas obrigações internacionais.

Por outro lado, 136 países comprometeram-se a reduzir as suas emissões com o fortalecimento das energias renováveis na produção de energia. Contudo, apenas 8 apresentam medidas concretas sobre como pretendem cortar, ou mesmo abandonar, o uso de combustíveis fósseis.

É esperado que da COP27 brotem compromissos ainda mais ambiciosos do que os que até aqui foram assumidos, mas nas antevésperas da cimeira, “o progresso parece ter estagnado”, lamenta o WRI.





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