EUA classificam pinguim-imperador como “espécie ameaçada” devido às alterações climáticas e perda de habitat
O pinguim-imperador, o mais alto e mais corpulento de todos os pinguins, é endémico da Antártida, onde reside metade de toda a população mundial e que está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outra região do planeta. A perda de habitat causada pelo degelo está a colocar em risco a reprodução e alimentação desta ave marinha.
Foram essas razões que levaram os Estados Unidos a declarar, esta terça-feira, o pinguim-imperador uma “espécie ameaçada” sob a Lei das Espécies Ameaçadas. “Esta classificação reflete o agravamento da crise de extinção”, alerta Martha Williams, dirigente do Serviço de Pesca e Vida Selvagem norte-americano, em comunicado.
Destacando a urgência de se implementarem medidas para conservar o pinguim-imperador “antes que o declínio da população se torne irreversível”, a responsável afirma que “as alterações climáticas estão a ter um impacto profundo na espécie em todo o mundo” e que responder a essas ameaças “é uma prioridade” do governo liderado por Joe Biden.
“A classificação do pinguim-imperador [como espécie ameaçada] serve como um alerta, mas também como uma chamada à ação”, diz Williams.
Podendo medir mais de um metro em altura e pesar até 40 quilogramas, os pinguins-imperadores dependem de plataformas de gelo marinho para se reproduzirem, para instalarem as suas colónias, para procurarem alimento e para se protegerem de predadores. Contudo, “à medida que as emissões de dióxido de carbono aumentam, a temperatura da Terra continuará a subir e a consequente redução do gelo marinho poderá afetar a variedade de espécies, incluindo os pinguins-imperadores, que dependem do gelo para sobreviverem”, aponta o governo norte-americano.
Apesar de reconhecer que as populações dessas aves parecerem atualmente estáveis, a agência prevê que os pinguins-imperadores possam vir a enfrentam a extinção “no futuro próximo” em várias regiões. Estima-se que na costa da Antártida existam hoje 61 colónias com capacidade de reprodução, com cerca de 600 mil indivíduos.
No entanto, as previsões apontam para que, até 2050, a população global de pinguins-imperadores registe uma diminuição entre 26% e 47%, dependendo dos níveis de emissões de dióxido de carbono. Ainda assim, os especialistas norte-americanos consideram que as perdas estimadas não serão uniformes em toda a Antártida, apontando os mares de Ross e Weddell como áreas onde essa espécie deverá manter-se “relativamente estável”.
Será nas colónias no Oceano Índico, no Pacífico ocidental e nos mares de Bellingshausen e de Amundsen que se registarão as maiores perdas, com algumas projeções a apontarem para perdas superiores a 90% nessas populações devido ao degelo.
As fêmeas de pinguim-imperador colocam apenas um ovo por cada época reprodutiva, que depois é incubado pelo macho durante dois meses, enquanto a fêmea recolhe alimento no mar. Quando a cria nasce, os progenitores partilham responsabilidades no que toca à proteção da jovem ave e à procura de alimento, revezando-se para que a cria nunca esteja sozinha.
Ao fim de 150 dias, a cria deixa a colónia, à qual regressará quatro anos depois, após atingir a maturidade sexual, para se reproduzir.
Para Stephanie Jenouvrier, especialista em ecologia das aves marinhas da Woods Hole Oceanographic Institution, a classificação do pinguim-imperador como espécie ameaçada “é um importante passo para impulsionar a consciencialização sobre as alterações climáticas”, que estão a criar “um futuro incerto” para muitas espécies de animais em todo o planeta.