Planetiers World Gathering reuniu mais de 30 mil participantes em três dias dedicados à sustentabilidade
Entre os passados dias 24 e 26, o Pavilhão Carlos Lopes, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, foi palco de mais uma edição da conferência Planetiers World Gathering (PWG), que poderá ser descrita como uma ‘Web Summit da sustentabilidade’.
Depois de ter tido a sua primeira edição em 2020, em formato híbrido, a PWG este ano voltou a repetir esse regime e contou com aproximadamente 30 mil visitantes, entre os que assistiram presencialmente às sessões e os que o fizeram através das plataformas digitais de forma remota, superando os 20 mil conseguidos há dois anos. A edição deste ano contou com 300 oradores, bem como com a presença de 200 startups e 100 investidores de mais de 90 países.
Em declarações à ‘Green Savers’ à margem do evento, Sérgio Ribeiro, co-fundador da PWG, confessou-nos que “o que me mais me fascinou foi realmente a continuidade de movimento que tivemos”, destacando que especialmente os fóruns realizados durante a manhã foram os mais concorridos e que tiveram sala cheia.
“Os problemas globais precisam de cooperação global”, destacou como a principal mensagem que marcou a PWG. Apontando que hoje não há já como negar as alterações climáticas e que é “uma ilusão pensar que, por exemplo, a poluição respeita fronteiras”, o responsável salientou que a pandemia de Covid-19 veio provar que “o mundo é muito mais pequeno do que achamos”.
“Temos que trabalhar e aprender em conjunto”, pelo que eventos como a PWG são plataformas fundamentais para que se possam partilhar histórias, ensinamentos e práticas que sirvam de inspiração à mudança de que o planeta precisa.
O responsável relatou que “pessoas que estão a trabalhar para o mesmo muitas vezes nem se conhecem, não conhecem os trabalhos umas das outras” e que é precisamente na convergência de vontades e visões que se deve apostar com mais afinco.
Questionado sobre como olha o futuro, Sérgio Ribeiro admitiu “alguma preocupação”, indicando que “estamos muito aquém” de várias metas ambientais, muitas delas que terminarão já no final desta década.
“Vemos que as organizações estão ainda a mudar demasiado lentamente para aquilo que é necessário”, designadamente ao nível da descarbonização, afirmou, referindo que os objetivos estão traçados e sabemos para onde temos de caminhar. Contudo, é no processo que residem as dificuldades, ou seja, não forma como se poderá ou deverá chegar a essas metas.
Defendendo que é na interceção das dimensões ambiental, social e económica que estão as soluções de que precisamos, disse que “a oportunidade económica está em criarmos um mundo que é estável” e que as empresas têm “um papel fundamental” a desempenhar nos esforços de criação de maior sustentabilidade e estabilidade das sociedades, pois é isso que lhes permitirá alcançar maior prosperidade e maior competitividade.
Sérgio Ribeiro acredita que é essencial potenciar o “encontro entre as vozes ativistas e aqueles que pensam em como criar riqueza económica” e que é preciso desconstruir a ideia de que investir na sustentabilidade e na proteção do planeta é apenas um custo. “Não pode nem tem de ser um fardo”, frisou, sugerindo que o exemplo deve partir das lideranças das empresas, que devem impulsionar a transformação sustentável das suas organizações e criar espaço para ideias e novos processos que permitam alinhá-las da melhor forma com as preocupações ambientais.