“Tendência destrutiva”: 2022 “é o ano com o maior número de fogos desde 2006”, revela relatório da UE



Em 2021, registou-se a “segunda pior época de incêndios” na União Europeia no que toca à dimensão da área ardida, perdendo-se para as chamas mais de 5.500 quilómetros quadrados de florestas europeias, mais do dobro do tamanho do Luxemburgo, só ficando atrás dos mais de 10 mil km2 ardidos em 2017. Do total do ano passado, mais de mil km2 queimados eram áreas protegidas da rede Natura 2000, “o reservatório de biodiversidade da UE”.

Os números são apresentados no mais recente relatório do serviço de conhecimento da União, o JCR, e, apesar de não se debruçar com detalhe sobre os incêndios ocorridos este ano, estima que a área ardida seja superior a 8.600 km2, “a maior área ardida por fogos florestais” dos últimos 16 anos.

Os relatores alertam que o que aconteceu em 2022 confirma “a tendências destrutiva preocupante de anos recentes” e que esses “ecossistemas inestimáveis demorarão muitos anos a recuperar”, sendo que este “é o ano com o maior número de fogos desde 2006”.

Embora a área florestal ardida este ano tenha sido “notavelmente extensa”, o documento avança que “o número de fatalidades humanas foi limitado graças às medidas de prevenção implementadas pelos Estados-membros da UE e pelo Mecanismo de Proteção Civil”.

Em 2021, a Itália foi o país que registou a maior extensão de área ardida, seguida pela Turquia, por Portugal e pela Grécia, indicam os especialistas, apontando que foram consumidos pelas chamas mais de 100 hectares de áreas protegidas da Natura 2000.

No sul da UE, o número total de fogos no ano passado foi o mais reduzido desde que há registos, mas isso significa que, apesar de menos, foram mais fortes e mais extensos.

O relatório salienta que os fogos florestais nessa região “oferecem evidências claras sobre os efeitos das alterações climáticas”, que não só fazem aumentar a dimensão da área ardida, mas fazem também com que os fogos tenham durações cada vez maiores.

“Além disso, as altas frequência e intensidade dos fogos florestais deste verão [de 2022] colocam os nossos serviços de combate aos incêndios sob condições sem precedentes”, acautelam os autores, acrescentando que tal poderá tornar os meios aéreos ineficazes e fazer com que o combate no terreno seja “difícil ou impossível”.

“A tendência destes fogos sem precedentes ocorre não apenas na Europa, no Médio Oriente e no Norte de África”, detalha o relatório, que destaca que é um fenómeno que se estende pelo planeta, atingindo também regiões como a Califórnia, a Austrália e a América do Sul.

O relatório evidencia que “cerca de 96% dos incêndios florestais na UE são causados por ações humanas”.

Assim, “é fundamental, a par do reforço das capacidades de preparação e resposta, preparar as nossas populações mediante campanhas de educação e de consciencialização”, à medida que os fogos florestais se tornam “mais frequentes e intensos devido às alterações climáticas”.

O comissário europeu com a pasta do Ambiente, Virginijus Sinkevičius, escreve no Twitter que “as nossas florestas estão sob uma enorme pressão” e que “três das priores épocas de fogos florestais aconteceram nos últimos seis anos”.

“Temos de fazer melhor”, insta o responsável.





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