Mais de um milhão de pessoas afetadas pelas cheias no Sudão do Sul
Mais de um milhão de pessoas foram afetadas pelas inundações no Sudão do Sul nos últimos meses, segundo o mais recente balanço das Nações Unidas, que afirmaram que 36 condados foram atingidos pela catástrofe.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) indicou que estes números poderão aumentar “se as chuvas continuarem” e especificou que as áreas mais afetadas são os estados do Bahr al-Ghazal do Norte, Warab, Unidade e Equatorial Ocidental. Além disso, 20.000 pessoas foram afetadas em Abyei, que está em disputa com o Sudão.
“As inundações e fortes chuvas continuam a afetar as pessoas em todo o país, incluindo Jonglei, Lagos, Bahr al-Ghazal do Norte, Bahr al-Ghazal Ocidental, Unidade, Alto Nilo, Warab e Equatorial Ocidental”, acrescentou, lamentando a morte de pessoas e a destruição de campos, casas, escolas e centros de saúde.
Recordou, também, que o Governo do Sudão do Sul declarou uma catástrofe nacional em várias áreas e lançou um apelo à ajuda internacional, antes de sublinhar que o Fundo Humanitário do Sudão do Sul e o Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF) reservaram quase 90 milhões de dólares (92,14 milhões de euros) para 2022.
As Nações Unidas advertiram na quinta-feira que os níveis de grave insegurança alimentar no Sudão do Sul estão em valores recorde, ultrapassando os números registados durante o conflito, uma situação que foi exacerbada pelas alterações climáticas, que provocaram inundações e secas nos últimos meses no país africano.
A agência afirmou, numa declaração, que quase dois terços da população, ou cerca de 7,8 milhões de pessoas, poderiam estar em grave insegurança alimentar entre abril e julho de 2023, incluindo 1,4 milhões de crianças desnutridas. Reforçou que algumas comunidades poderiam enfrentar a fome se a assistência humanitária internacional não fosse aumentada.
O Sudão do Sul está a viver o seu quarto ano consecutivo de inundações, com 40% do território do país já debaixo de água.
Fortes chuvas e cheias repentinas continuam a afetar dezenas de milhares de pessoas no país, onde milhares de casas foram destruídas ou danificadas em 15 estados.
A insegurança alimentar, resultante das inundações e da seca, juntamente com conflitos, efeitos da pandemia de covid-19 e preços elevados dos alimentos e combustíveis forçaram as pessoas a abandonar as suas casas.
O Sudão do Sul tem um Governo de unidade que arrancou na sequência da concretização do acordo de paz assinado em 2018 pelo Presidente Salva Kiir e pelo líder rebelde Riek Machar, que foi renomeado para o cargo que ocupava antes da guerra civil. Entre as principais questões pendentes está a unificação das forças de segurança, agendada para novembro.