Aquecimento global e subida da temperatura dos mares ameaça florestas de kelp gigante



O aumento da temperatura dos oceanos, reflexo das alterações climáticas impulsionadas pelos gases com efeito de estufa libertados pelas atividades humanas, está a colocar em perigo as florestas de kelp, uma espécie de alga marinha, em todo o mundo.

A ciência diz-nos que esses são dos ecossistemas naturais que albergam os maiores níveis de diversidade biológica, servindo, por exemplo, de refúgio para incontáveis animais, além de serem fundamentais para o sequestro do dióxido de carbono atmosférico. Contudo, entre os últimos 50 e 100 anos grandes áreas dessas florestas submarinas têm sido perdidas e as que restam estão sob grande pressão e ameaça.

Um grupo de investigadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, procurou perceber os fatores que estão a dizimar as florestas de kelp gigante (Macrocystis pyrifera), a maior alga marinha do mundo, em particular como o aumento da temperatura do mar afeta o kelp nos estádios iniciais do seu desenvolvimento.

Essa espécie de alga, que pode atingir comprimentos além dos 30 metros, encontra-se desde a Ilha do Norte e até às ilhas neozelandesas subantárticas, sendo que os cientistas consideram que são “um habitat essencial para muitas espécies” com importância cultural e comercial, como moluscos e crustáceos.

Num artigo publicado este mês na revista ‘PLoS ONE’, Duong Le, um dos autores, explica que, embora se saiba que o aumento da temperatura da água do mar seja uma das principais causas da perda de kelp, não se compreendem ainda, ao certo, os mecanismos que estão a causar esse declínio.

Os especialistas descobriram que temperaturas mais altas estimulam uma maior libertação de esporos durante o processo reprodutivo conhecido como ‘esporulação’. No entanto, o enraizamento, germinação e desenvolvimento do kelp é “negativamente impactado” quanto mais quente estiver a água envolvente.

Duong Le diz que este estudo destaca a vulnerabilidade do kelp gigante durante os primeiros estádios do seu desenvolvimento, e permite perceber como essas massivas florestas de algas podem ser afetadas pelo aquecimento global.

Por sua vez, Matthew Desmond, outro dos cientistas envolvido na investigação, argumenta que este é o primeiro estudo a avaliar os limites térmicos dos esporos do kelp gigante e os impactos que o aumento da temperatura da água do mar terão no crescimento dessas algas. Com a informação recolhida, os especialistas esperam poder reforçar as estratégias de proteção, conservação e recuperação destas florestas submarinas.

Num outro estudo, divulgado em junho de 2021 na ‘Nature Communications’, era explicado que as florestas de kelp são dos ecossistemas mais produtivos a nível global, “comparáveis aos recifes de coral e às florestas tropicais terrestres”, criando habitats complexos e tridimensionais que albergam uma grande biodiversidade.

No entanto, os autores desse artigo apontavam que “eventos climáticos extremos, a sobrepesca, a poluição e outros impactos antropogénicos [causados pelos humanos] ameaçam a capacidade desses ecossistemas para continuarem a produzir bens e serviços que valem milhares de milhões de dólares para a humanidade”.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...