Presença de grupo rebelde põe em risco gorilas de montanha no leste da RDCongo
A presença da rebelião Movimento 23 de Março no leste da República Democrática do Congo, deixou os gorilas de montanha do parque Virunga sob ameaça, com a insegurança a impedir a sua vigilância, alertaram hoje os responsáveis do parque.
“A zona do gorila de montanha está atualmente ocupada por rebeldes e esta delicada situação de segurança não permite que as nossas equipas se desloquem para lá”, disse à agência France-Presse (AFP) o porta-voz do Parque Nacional de Virunga, Bienvenu Bwende.
Os movimentos tanto dos gorilas como dos seres humanos “não são controlados, o que aumenta o risco de caça furtiva, destruição do ecossistema” e a propagação de doenças provocadas pelo homem, acrescentou.
Se um gorila adoecer, “não terá qualquer acompanhamento médico” e, para os gorilas bebés, “há sobretudo o risco de cair nas armadilhas dos caçadores furtivos”, explicou o porta-voz.
Segundo o porta-voz, a monitorização regular permite saber a localização de cada família de gorilas.
“Quando os perdemos de vista durante um único dia, demoramos uma semana a encontrá-los”, contou. Mas “vários meses de monitorização e seguimento” acabam de se perder. “Imagine agora quanto tempo demorará a localizá-los e descobrir exatamente onde estão e em que condições”, disse Bwende.
O parque publicou na segunda-feira um inventário de todo o Virunga, que cobre 7.800 km2 na província do Kivu Norte, na fronteira com o Ruanda e o Uganda, estendendo-se ao longo de cerca de 300 km, com uma largura média de 23 km.
Os gorilas de montanha na parte sul do parque puderam ser novamente contados em setembro. Nessa altura eram então 234, contra 225 no ano passado contados na mesma época.
A mais antiga reserva natural em África, criada em 1925, o Parque Virunga é Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 1979. Famosa pela sua vida selvagem e paisagens, é também conhecida por ter sido utilizada como base de retaguarda por numerosos grupos armados durante mais de um quarto de século.
O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), um grupo armado maioritariamente tutsi derrotado em 2013, voltou a pegar em armas no final do ano passado e intensificou a sua ofensiva em outubro, confiscando grandes extensões de território a norte de Goma, a capital do Kivu do Norte.
O Ruanda é acusado por Kinshasa, os Estados Unidos e vários países europeus de apoiar o M23.