Novo projeto para assegurar regresso do abutre-preto ao longo da fronteira portuguesa e espanhola
Graças a esforços de conservação no terreno, o abutre-preto recolonizou Portugal em 2010, quase quatro décadas após a sua extinção no país, e resultado da nidificação de algumas aves oriundas de Espanha. No entanto, a população portuguesa atual “é ainda muito pequena e frágil, e um novo projeto LIFE vem assegurar o seu regresso”, revelam as entidades responsáveis em comunicado.
“Existem agora quatro colónias nidificantes, com um total de aproximadamente 40 casais, que na sua maioria se estabeleceram pela expansão das colónias do lado espanhol. Este processo de recolonização pode ser consolidado e acelerado – e é o que faremos neste novo projeto!” afirma José Pedro Tavares, o Diretor da Vulture Conservation Foundation (VCF), a entidade que lidera o projeto.
Segundo o comunicado, com um orçamento de 3,7 milhões de euros, o recentemente lançado projeto LIFE Aegypius Return visa “consolidar e acelerar o regresso do abutre-preto a Portugal e à Espanha ocidental, ao reduzir a perturbação das colónias, protegê-las de fogos florestais, minimizar as ameaças de envenenamento, melhorar as condições do habitat de nidificação e de alimentação, e capacitar agências e autoridades nacionais para a mitigação de ameaças e a conservação da espécie”.
A equipa do projeto irá implementar ações de conservação dirigidas em dez sítios da Rede Natura 2000, ao longo de praticamente toda a fronteira entre Portugal e Espanha, desde Miranda do Douro ao Vale do Guadiana.
Objetivo é duplicar população nidificante de abutre-preto em Portugal para 80 casais
“Até 2027, o objetivo é duplicar a população nidificante de abutre-preto em Portugal para, pelo menos, 80 casais em 5 colónias, e baixar o estatuto nacional de ameaça da espécie de Criticamente em Perigo para Em Perigo”, declara Milene Matos, coordenadora do projeto, citada em comunicado.
A mesma fonte acrescenta que o sucesso do LIFE Aegypius Return depende da “extensa colaboração” de nove parceiros e do envolvimento de um vasto número de partes interessadas, que incluem autoridades nacionais, entidades ligadas à veterinária, agricultores e caçadores, entre outros.
Uma das entidades parceiras deste projeto é a Associação de Transumância e Natureza – ATN / Reserva da Faia Brava – que desde a sua fundação tem como uma das principais preocupações a conservação das espécies de aves necrófagas.
“Gerimos áreas importantes para a conservação destas espécies que desempenham um importante papel nos ecossistemas, e foi com enorme satisfação que vimos o regresso do abutre-preto a Portugal e que abraçámos este projeto que pretende consolidar a sua presença no nosso país”, congratula-se Inês Bom, bióloga na ATN/ Reserva da Faia Brava.
A ATN, que no âmbito deste projeto vai desenvolver várias ações no Douro Internacional, Vale do Águeda, Vale do Côa e Serra da Malcata, aposta na “construção de plataformas-ninho e na gestão florestal para prevenção de incêndios, fator decisivo para o sucesso deste projeto LIFE”, afirma ainda a bióloga.