Quase 550 rinocerontes caçados ilegalmente em África no ano passado. África do Sul continua no topo da lista
Em 2022, foram mortos 548 rinocerontes em África por caçadores-furtivos, um ligeiro aumento face aos 539 registados no ano anterior. No entanto, é uma redução significativa face aos mais de mil que foram caçados ilegalmente todos os anos entre 2013 e 2017 nesse continente.
Os números foram revelados esta semana pela organização não-governamental internacional ‘Save The Rhino’, com base em informação fornecida por agências governamentais dos países africanos, e que indica que o número pode aumentar à medida que vão surgindo mais dados.
A Namíbia e a África do Sul foram os países onde, em 2022, se registou o maior número de rinocerontes caçados ilegalmente. Na Namíbia, os caçadores-furtivos abateram 87 desses grandes mamíferos, um aumento de quase o dobro comparativamente aos 45 de 2021, e mais de metade dessas mortes ocorreram no Parque Nacional de Etosha.
A organização não-governamental diz que os relatórios a que teve acesso parecem sugerir que os próprios funcionários do parque podem ter estado envolvidos nesses abates ilegais, ainda que indiretamente, permitindo a atividade dos caçadores-furtivos.
Já na África do Sul, o número de rinocerontes mortos ilegalmente manteve praticamente inalterado entre 2021 e 2022, diminuindo ligeiramente de 451 para 448, e a organização destaca a província de KwaZulu-Natal como sendo a mais fortemente afetada pela caça-furtiva, com 244 mortes ilegais e com a intensificação dessa atividade.
No entanto, há algumas boas notícias vindas do parque nacional sul-africano de Kruger, onde o número de rinocerontes mortos caiu 41% em 2022, algo que os especialistas atribuem à queda da dimensão da população de rinocerontes nessa zona e ao fortalecimento do combate à caça-furtiva no parque.
Noutros países, os números de abates ilegais caíram no ano passado, com no Botswana e no Zimbabué, embora a ‘Save The Rhino’ assinale que continua a ser motivo de preocupação e que muitas operações de caça-furtiva estão a acontecer em locais onde ainda não tinham sido registadas.
Por outro lado no Quénia não foram registadas quaisquer mortes de rinocerontes às mãos de caçadores-furtivos, algo que assume uma grande importância para a conservação desse grupo de animais uma vez que esse país alberga a terceira maior população de rinocerontes de todo o mundo.
Os conservacionistas dizem que, apesar de o número mortes por caça-furtiva ter caído expressivamente no continente face ao pico de 2017 (1.134 abates ilegais), em muitos locais de África as populações de rinocerontes continuam a ter dificuldade em manter-se estáveis e que ainda estamos longe de poder falar de recuperação “depois de mais de uma década de ataques constantes”.
E alertam que, em média, um rinoceronte é caçado ilegalmente a cada 16 horas em África, pelo que “temos de continuar a impulsionar todos os esforços para travar estas perdas devastadoras até que nenhum rinoceronte seja caçado ilegalmente”.
De acordo com uma análise de outra organização de defesa dos rinocerontes, a ‘International Rhino Foundation’, a África do Sul, a Namíbia e o Quénia são os países africanos que albergam a maior parte da população de rinocerontes no continente (91%), sendo que a espécie dominante é o rinoceronte-branco (Ceratotherium simum), com 15.942 em todo o continente, seguida pelo rinoceronte-negro (Diceros bicornis), com 6.195 indivíduos.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o rinoceronte-negro está criticamente ameaçado e o rinoceronte-branco tem o estatuto de ‘quase ameaçado’.
A nível mundial, estima-se que não existam mais de 27 mil rinocerontes, sendo a caça-furtiva e a perda de habitat as duas grandes causas do contínuo declínio populacional.