Scholz anuncia mais 2.000 ME contra a crise climática em países em desenvolvimento
O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou ontem que a Alemanha financiará com 2 mil milhões de euros adicionais ações contra a crise climática nos países em desenvolvimento, no fim do Diálogo Climático de Petersberg, concluído quarta-feira em Berlim.
A soma supera em um terço o anterior montante entregue por Berlim como parte do compromisso dos países industrializados para mobilizar um total de 100 mil milhões de dólares para esse objetivo, destacou Scholz.
Numa declaração no final do encontro, o chanceler exortou os demais doadores a prosseguirem com a “história de sucesso” do fundo, que é “mais importante do que nunca”.
Destacou também algumas das áreas que foram abordadas no Diálogo, que serviu de preparação para a próxima cimeira da COP 28, no Dubai, como o financiamento e os desafios para a execução da transição para a neutralidade climática, e lembrou que no Dubai, pela primeira vez, está prevista a realização de um balanço global, que descreveu como a “peça central” do Acordo de Paris.
Além disso, propôs que sejam estabelecidos objetivos conjuntos para aumentar as capacidades de produção de energias renováveis, que são as “mais baratas e seguras”.
“Poderíamos, por exemplo, triplicar o aumento da capacidade até 2030. Dessa forma, enviaríamos uma mensagem à economia real e ao setor financeiro sobre para onde estamos a caminhar”, afirmou.
O designado presidente da COP28, o enviado especial dos Emirados Árabes Unidos para as Alterações Climáticas, Sultão Ahmed al-Jaber, qualificou de “produtivas” as conversações dos últimos dias e destacou o quão “crucial” é 2023 na luta contra a emergência climática.
Dado que, segundo os relatórios, os objetivos de Paris estão longe de serem alcançados, é necessário, no campo da energia, triplicar a produção de energias renováveis, duplicar a de hidrogénio, expandir as capacidades de energia nuclear e otimizar sistemas de armazenamento e as baterias, afirmou.
Além disso, sublinhou Al Jaber, é necessário fazer todo o possível para reduzir as emissões de CO2, mesmo as que provêm de combustíveis fósseis como o petróleo ou o gás, uma vez que estes “continuarão a desempenhar um papel”.
Por isso, na sua opinião, os investimentos em novas tecnologias mais respeitosas para com o clima não se devem limitar apenas ao campo das energias renováveis.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, apontou a necessidade de traçar objetivos ambiciosos para atingir a marca de 1,5 grau e garantir ao mesmo tempo que a transição energética seja “justa”.
Tal transformação custará muitos milhões, pelo que precisa de ser apoiada pelo sistema financeiro global, incluindo o setor privado, observou Baerbock.
Um dos aspetos mais “insuportáveis” da crise climática é o fato de que “os que mais sofrem com o aquecimento global são os que menos contribuíram” para isso, indicou a ministra, lembrando que os países mais vulneráveis esperam receber “ajudas concretas” na cimeira do Dubai.