Países europeus atlânticos articulam posições em torno da importância do oceano



O secretário de Estado dos Assuntos Europeus afirmou que a reunião entre o grupo de países europeus atlânticos, ontem realizada no Porto, permitiu articular posições em torno da importância do oceano na “transição ecológica e digital” da União Europeia.

“Temos perspetivas comuns na forma como olhamos para os temas do oceano Atlântico, para as oportunidades que traz no contexto da economia azul, do futuro sustentável (…) e a importância para a interconectividade de energia, quer de comunicações digitais, que é absolutamente relevante no contexto em que vivemos de transição ecológica e transição digital”, afirmou Tiago Antunes.

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, que falava à Lusa à margem da reunião entre os representantes de sete Estados-membros do bloco europeu “de fachada atlântica”, destacou a importância da União Europeia (UE) se unir em torno da importância e das potencialidades do oceano Atlântico.

Este encontro, “o primeiro do género” segundo o Governo português, conta com a participação de sete Estados-membros do bloco europeu: Portugal, Espanha, França, Bélgica, Países Baixos, Dinamarca e Irlanda.

“O objetivo deste fórum é coordenar posições antes das reuniões mais gerais entre todos os 27 [Estados-membros] e o que concordamos foi, sobre estes temas, articular posições antes da discussão aberta entre todos os Estados-membros porque partilhamos pontos de vista comuns”, referiu, destacando a importância deste grupo de países ter “uma linha comum” para “fazer vingar nas discussões mais amplas dentro da União Europeia”.

Questionado sobre o papel que Portugal poderia ter nesta matéria, Tiago Antunes salientou a “posição geográfica estratégica” do país na fachada atlântica e a “localização única para perspetivar todas as oportunidades que o mar concede quer no presente, quer no futuro em termos de economia azul e aproveitamento de recursos marítimos de forma sustentável”.

“Um dos temas em discussão hoje na UE é o tema das matérias-primas críticas do mar e as suas potencialidades em termos da bioeconomia e bioindústria azul. Temos um manancial enorme para, de forma sustentável, equilibrada e com respeito pelo ecossistema e pela biodiversidade potenciarmos economicamente Portugal e a UE”, referiu.

Na Câmara do Porto, os representantes dos sete Estados-membros realizaram duas sessões de trabalho: uma dedicada a “Olhar para o exterior: que oportunidades oferece o Atlântico para reforçar a autonomia estratégica da União Europeia?” e outra dedicada a “Olhar para dentro: como responder aos desafios institucionais e orçamentais que o processo de alargamento coloca à União Europeia?”.

Antes do início da segunda sessão, Tiago Antunes afirmou à Lusa que os representantes se iriam debruçar sobre a necessidade de se “equilibrar” a posição europeia como uma “perspetiva mais ocidental e atlântica”, nomeadamente, na preparação ao acolhimento de novos Estados-membros.

“Nos últimos anos, o projeto europeu tem estado muito concentrado a leste, com uma perspetiva mais continentalizada. É assim desde o grande alargamento de 2004, em que entraram 10 novos Estados-membros e tem sido assim, fruto da guerra da Ucrânia. É muito compreensível que assim seja, esse foco, essa centragem, no que se passa na vizinhança leste, mas temos de equilibrar com uma perspetiva mais ocidental e atlântica”, referiu.

E acrescentou: “Quando perspetivamos o futuro da Europa, idealmente num cenário pós-guerra na Ucrânia, temos de perspetivar a partir do interesse destes países da costa ocidental da Europa”.

Após as sessões de trabalho, a reunião do chamado “Grupo Atlântico” será concluída com uma visita ao Navio Escola Sagres que está atracado no Cais da Ribeira do Porto na sequência das comemorações do Dia da Marinha na cidade.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...