“House Of The Dragon”: Sim, dragões que cospem fogo podem mesmo existir



A prequela de “Game Of Thrones”, “House Of The Dragon”, conta a história da Casa Targaryen, mestres da mais fantástica das criaturas: dragões gigantes que cospem fogo. Mas será que os dragões são realmente tão estranhos como parecem? De certeza que nenhum animal poderia crescer tanto e voar, ou desenvolver a capacidade de cuspir fogo? Henry Gee, biólogo evolucionista e autor de “A (Very) Short History Of Life On Earth”, diz que a ideia “não é tão disparatada como se poderia pensar”.

Segundo a “Science Focus”, ele cita o escaravelho bombardeiro como exemplo. “Sintetiza uma mistura de peróxido de hidrogénio e hidroquinona”, explica. “Quando o escaravelho se sente ameaçado, coloca a mistura numa câmara de combustão e as enzimas provocam a reação dos químicos, produzindo uma substância tóxica chamada benzoquinona. Depois, esguicha este líquido fervente nos olhos do agressor. Quando se pensa nisso, produzir fogo não é nada de especial”.

Gee tem uma teoria convincente sobre como um dragão seria capaz de o queimar vivo. “O meu esquema seria a síntese biológica de uma substância que se inflama espontaneamente quando ejetada à força para o ar. E essa substância existe: éter dietílico”.

Como Gee salienta (com a ressalva óbvia de que não se deve tentar fazer isto em casa), o éter é bastante simples de fazer – basta aquecer álcool na presença de ácido sulfúrico. “O álcool é produzido por todo o tipo de organismos, e os organismos vivos produzem sulfatos, pelo que não é muito difícil dizer que podem produzir ácido sulfúrico”, afirma. “Posso imaginar que existem glândulas salivares modificadas na boca do dragão que contêm colónias de micróbios que fazem exatamente isto”.

O éter também tem um ponto de inflamação relativamente baixo de 45°C. “É tão inflamável que um dragão poderia esguichar éter líquido sobre os seus dentes e este irromperia em chamas.” A pele do dragão teria de ser à prova de fogo, claro. “Não há nenhuma razão para que as escamas do dragão não contenham algo como bórax”, diz Gee, referindo-se à substância utilizada em muitos materiais retardadores de fogo.

Há, no entanto, potenciais problemas com a ideia de cuspir fogo pela boca. “Teria de haver algum tipo de revestimento da glândula para evitar que o dragão se envenenasse a si próprio”, diz Gee, que salienta que há muitos animais capazes de transportar veneno sem se envenenarem.

“Também é preciso ter cuidado com a acumulação de sulfatos insolúveis, que podem entupir as glândulas e causar dor e doença”. Gee afirma, no entanto, que não há nenhuma razão biológica para que as criaturas não possam evoluir para respirar fogo. “Só porque não aconteceu, não significa que seja impossível.”

O que Gee é mais cético é a ideia de que dragões do tamanho dos de Game of Thrones seriam capazes de levantar voo do chão.

“Se observarmos cisnes ou gansos na sua corrida, sabemos que se fossem maiores, não o conseguiriam fazer”, diz. Para comparação, Gee cita os parentes espirituais do dragão: os dinossauros e os antigos répteis voadores. “Alguns pterodáctilos eram tão grandes como pequenos aviões, mas não teriam sido muito bons a bater asas. Os dragões são muito maiores”. De facto, Gee teoriza que alguns dinossauros que eram suficientemente pequenos para voar evoluíram para um tamanho tão grande que o voo se tornou impossível.

“Quem sabe”, diz ele. “Talvez alguns dos dinossauros posteriores, maiores, fossem dragões que caíram na Terra”.

“Veredicto: O escaravelho-bombardeiro já quase percebeu a biologia, e isso é suficientemente bom para nós! Além disso, gostamos muito, muito de dragões”, conclui a “Science Focus”.

 

 

 





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