Investigadores portugueses descobrem nova espécie de osga no sudoeste de Angola
Uma equipa internacional de cientistas descreveu uma nova espécie de osga na Serra da Neve, uma zona montanhosa na província de Namibe, no sudoeste de Angola, que é o segundo ponto mais alto do país.
Fizeram parte da investigação três portugueses: Mariana Marques e Luís Ceríaco, curadores convidados da Coleção de Anfíbios e Répteis do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), da Universidade de Lisboa, e Diogo Parrinha, da Universidade do Porto e do centro de investigação Biopolis.
A descoberta foi publicada recentemente na revista ‘Zoology’ e descreve uma osga do género Pachydactylus, batizada com o nome científico Pachydactylus maiatoi, em homenagem ao investigador e professor universitário Francisco Maiato Gonçalves, Vice-Reitor e Professor da Universidade Mandume ya Ndemufayo, pelos seus contributos para o estudo e conservação da biodiversidade do sudoeste angolano.
No artigo, os autores explicam que esta nova espécie era até agora considera parte da espécie Pachydactylus angolensis, mas a observação da morfologia de espécimes históricos e recentes, e recorrendo a tecnologia de análise genética, resultou na revisão da taxonomia destes pequenos répteis e na separação destas duas espécies: a P. angolensis, característica de zonas mais perto da costa, e a P. maiatoi, encontrada em regiões interiores.
Em comunicado do MUHNAC, os cientistas apontam que “a nova espécie diferencia-se das outras espécies de Pachydactylus já conhecidas, através da sua diferente coloração, número de escamas e diferenças a nível genético” e que se trata de um animal de hábitos maioritariamente noturnos que se alimenta de pequenos insetos e outros invertebrados.
Escrevem os cientistas no artigo que “o sudoeste de Angola tem sido reconhecido por vários autores como um ‘hotspot’ de diversidade de répteis, especialmente associados com habitats áridos e hiper-áridos”, sobretudo no que toca às osgas. Assim, com esta nova adição, o número de espécies do género Pachydactylus encontradas em Angola sobe para 11, aumentando também para 58 o número total de espécies que são agora conhecidas pertencentes a esse grupo.
E os investigadores acreditam que mais espécies angolanas de Pachydactylus podem vir a ser descritas, fazendo crescer ainda mais esse grupo taxonómico.
“Embora estas descobertas salientem a importância do sudoeste de Angola como um ‘hotspot’ de diversidade e endemismo, áreas consideráveis continuam por explorar em termos de biodiversidade”, escrevem no artigo.