Área marinha protegida de Sintra avança com o apoio do Governo



A criação da Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC) que envolve Sintra, Cascais e Mafra vai contar com o apoio e envolvimento do Governo, com o memorando de colaboração em fase final de elaboração e em vias de aprovação pelo Município de Sintra. O anúncio foi feito pelo vereador do Ambiente da Câmara de Sintra, Pedro Ventura, na abertura oficial do “Sintra Ocean and Surf Film Festival”, que decorreu este sábado, no Espaço SMAS da Ribeira de Sintra.

“Estamos numa fase de afinação do memorando final com o Governo, que, pela sua relevância, também quis aderir a esta iniciativa, em particular o senhor ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que demonstrou uma grande vontade de integrar este projeto”. Com a criação desta AMPIC, salientou Pedro Ventura, “Sintra dá destaque à área azul que integra o seu território, complementando a preservação da área verde do concelho, no âmbito do Parque Natural de Sintra-Cascais”, que tem o seu expoente máximo, em parte da Serra de Sintra, com o estatuto de Património da Humanidade.

Para além de impedir projetos que não se coadunem com a importância da área marinha, o Município quer criar, no quadro desta AMPIC, uma estrutura com “condições para desenvolver trabalho científico, o Centro Oceânico de Sintra, que fomente a preservação dos ecossistemas marinhos e, por outro lado, contemple uma escola de nadadores-salvadores”, revelou o autarca.

O primeiro passo para a criação desta AMPIC foi dado pelo município sintrense, reforçou ainda Pedro Ventura, que integra também o Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra), anfitrião do “Sintra Ocean and Surf Film Festival” até 16 de setembro. O autarca reafirmou que “a preservação dos Oceanos é muito importante para o Município de Sintra” e que esta relevância se traduz no desenvolvimento da criação da AMPIC, que, para além das autarquias de Cascais e Mafra, engloba outros parceiros, como a Hope Zone Foundation, mas também a Fundação Oceano Azul, “uma entidade fundamental na coordenação científica na definição desta área protegida”.

Também Carlos Vieira se congratulou com a parceria entre Câmara Municipal, SMAS de Sintra e Hope Zone Foundation que permitiu dar forma ao festival que, para além da exibição de filmes dedicados à preservação dos ecossistemas marinhos, integra outras componentes de arte ambiental, como esculturas e fotografias. Para o diretor delegado dos SMAS, “a preservação dos oceanos é um desafio que se coloca a todos, sem exceção” e, para fomentar essa preservação, a estratégia passa por reforçar os meios de Educação e Sensibilização Ambiental. No caso dos SMAS de Sintra, essa aposta passa pela criação, que será uma realidade ainda este ano, do Museu da Água e Resíduos, o MAR, um “polo museológico aberto a todos” e a desenvolver a sua atividade em torno do ciclo urbano da água e dos resíduos.

Segundo João Macedo, presidente da Hope Zone Foundation, este evento demonstra como “a sociedade civil pode contribuir para as ações de preservação dos oceanos”, assumindo-se “como parte da solução de uma forma ativa”, neste caso em particular em prol da criação da AMPIC que abrange os mares de Sintra, Cascais e Mafra. Este ativista e surfista profissional congratulou-se com a qualidade dos filmes em exibição, com a chancela da Patagónia Films, e que servem “de inspiração para agirmos no seio da nossa comunidade em defesa dos Oceanos e do nosso Planeta”. João Macedo realçou, ainda, que, com o avanço da AMPIC, “Sintra está a demonstrar que está mais virado para o mar”.

A Hope Zone Foundation, uma das entidades parceiras do município de Sintra na criação da AMPIC, tem por objetivo o aumento e a preservação das Áreas Marinhas Protegidas em Portugal, nomeadamente em Sintra e na Nazaré, envolvendo neste propósito as comunidades locais, incluindo os surfistas e os pescadores, e as entidades autárquicas. O objetivo desta organização, alinhada com a agenda das Nações Unidas, “é permitir que as comunidades costeiras portuguesas prosperem a longo prazo, protegendo a biodiversidade, reduzindo a extinção de espécies e mantendo a capacidade do planeta de armazenar CO2”.

Entre os filmes a exibir, em permanência no Espaço SMAS da Ribeira de Sintra até 16 de setembro, destaque para “For the Love of the Sea”, “The Custodians”, “L’arte dell’attivismo” e “Madre Mar”, este último da autoria da bióloga marinha Raquel Gaspar, cofundadora da ONG Ocean Alive, apostada em proteger e reflorestar o habitat das ervas marinhas da Reserva Natural do Estuário do Sado. Será exibido ainda um vídeo da expedição Sintra-Cascais-Mafra, promovida pela Fundação Oceano Azul e pelos três municípios, no âmbito do processo de criação da AMPIC.

Em simultâneo com a exibição de filmes, está patente uma exposição de esculturas do coletivo de artistas “Skeleton Sea”, da autoria de João Parrinha e de Xandi Kreuzeder, com trabalhos produzidos através de lixo recolhido nas praias e no mar. O “Skeleton Sea” é um projeto de sensibilização ambiental através da arte, criado em 2005 por um grupo de surfistas e de artistas, que desenvolve a sua criatividade em torno da mensagem “Manter o Oceano Limpo”. Em estreita articulação, serão apresentadas fotografias originais das praias do concelho de Sintra da autoria do fotógrafo profissional Ricardo Bravo. O evento apresenta ainda algumas obras do artista sintrense Miguel RAM.

Situado na Ribeira de Sintra, na antiga garagem dos elétricos de Sintra, o Espaço SMAS vai dar lugar, ainda este ano, ao Museu da Água e Resíduos, um espaço museológico que se pretende afirmar como um polo de referência ao nível da educação e sensibilização ambiental e de divulgação científica e tecnológica, no âmbito do ciclo urbano da água e dos resíduos, sensibilizando a comunidade em geral para os valores da preservação do ambiente.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...