Cientistas querem desvendar os segredos dos misteriosos ‘tubarões fantasma’
Uma equipa de investigadores da Universidade da Flórida e do Aquário de Seattle, nos Estados Unidos da América, está a explorar as águas do noroeste do oceano Pacífico para estudarem uma misteriosa espécie da família dos quimerídeos, próxima dos tubarões.
Usando veículos operadores remotamente a profundidades de 100 metros, os cientistas procuraram os locais de reprodução da espécie Hydrolagus colliei, que vive no fundo do mar, e que ainda é praticamente uma incógnita para a Ciência.
“Sabemos muito pouco sobre estes parentes esquivos dos tubarões e ainda menos sobre os seus habitats de desova e o seu desenvolvimento embrionário”, explica, em comunicado, Gareth Fraser, um dos investigadores envolvidos no projeto, que se refere a estes animais como ‘tubarões fantasma’.
Apesar de terem alguma proximidade genética com os elasmobrânquios – os tubarões e as raias – estes peixes, também conhecidos como quimeras, divergiram desse grupo há cerca de 400 milhões de anos, e, segundo Fraser, são “um dos grupos de peixes mais enigmáticos e pouco estudados”, algo que se deve em parte ao facto de viverem nas profundezas marinhas.
No entanto, sabe-se que as quimeras costumam ascender a águas mais superficiais no Mar Salish, ao largo da costa do estado norte-americano de Washington, no Pacífico, para desovarem, sobretudo durante os meses de verão. E é precisamente aí que os cientistas esperam recolher alguns embriões, para poderem estudar o desenvolvimento destes animais crípticos.
“Se conseguirmos localizar os seus embriões, podemos começar a aprender sobre os seus processos de desenvolvimento que originam algumas morfologias estranhas (…) únicas destes peixes”, diz Fraser.
Entre esses traços peculiares estão olhos grandes e redondos, que permitem às quimeras ver no negrume das profundezes do mar e capturar presas. Além disso, os machos da espécie Hydrolagus colliei possuem uma estrutura na parte frontal da sua cabeça na qual crescem pequenos dentes afiados.
Embora os cientistas não saibam ao certo para que serve, sugerem que possa ser usada durante a cópula, para que os machos se possam fixar à fêmea.
Com este trabalho, os investigadores pretendem não apenas aprofundar o conhecimento sobre este grupos de peixes, mas também ajudar a informar políticas de conservação dessas espécies, sabendo mais sobre os seus hábitos de reprodução e sobre a sua ecologia.