Brasil exporta primeiro carregamento de lítio “verde” para produção de baterias na China



O Brasil exportou ontem o seu primeiro carregamento de 30 mil toneladas de lítio “verde”, processado com métodos que reduzem o impacto no meio ambiente, para a produção de baterias de veículos elétricos na China.

O vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou em Vitória, capital do Espírito Santo (sudeste), na cerimónia do embarque do mineral, e aplaudiu o momento como “um novo capítulo na mineração e na agenda brasileira de desenvolvimento sustentável”.

O lítio sustentável foi processado pela Sigma Lithium, uma empresa de origem canadiana cotada no Nasdaq norte-americano e que entrou esta semana na bolsa de valores de São Paulo, numa unidade no estado de Minas Gerais, na qual investiu três mil milhões de reais (578 milhões de euros).

Ao contrário das técnicas muito poluentes habitualmente utilizadas na extração de lítio em todo o mundo, a fábrica utiliza energia renovável e água totalmente reciclada e evita a utilização de produtos químicos nocivos para reduzir a sua pegada ambiental “na medida do possível”, explicou a empresa Sigma Lithium.

Além disso, a empresa afirmou que os resíduos foram utilizados para fabricar um subproduto, que também pode ser reutilizado para a produção de baterias.

Apesar de a empresa ter anunciado um processamento sustentável, a mina onde o lítio é extraído continua a ser uma mina a céu aberto, com os consequentes impactos visuais e ecológicos no ambiente.

A empresa, que pretende produzir 270 mil toneladas de lítio por ano numa primeira fase e até 766 mil toneladas numa segunda fase, concorre com outras mineradoras brasileiras e estrangeiras com presença na região do Vale do Jequitinhonha, onde se concentra a maior parte das reservas do país.

Há um ano, o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro decretou a flexibilização das exportações de lítio – que antes precisavam de autorização prévia – para dar impulso a um setor que pode atrair até 15 mil milhões de reais (2,88 mil milhões de euros) em investimentos até 2030, segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia.

Apesar do maior compromisso com as políticas ambientais, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenta conciliar essa sensibilidade com o desenvolvimento da indústria de mineração.

Representantes do governo foram a Nova Iorque em maio para apresentar o projeto “Vale do Lítio”, em referência ao Jequitinhonha, na sede da bolsa de valores Nasdaq, com o objetivo de atrair investimentos para a exploração do mineral.

O Brasil, que já é um dos principais produtores de minerais como o ferro, é o décimo quinto país com as maiores reservas identificadas de lítio do mundo, estimadas em 730 mil toneladas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, numa lista encabeçada pela Bolívia, com 21 milhões de toneladas.





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