Tally: A história de uma das tartarugas mais ameaçadas do mundo que foi arrastada pelo Atlântico
Em novembro de 2021, uma tartaruga-de-kemp (Lepidochelys kempii), uma espécie de tartaruga marinha criticamente em perigo, foi encontrada, quase sem vida, ao largo da costa do País de Gales, nas águas frias da praia de Talacre, por uma pessoa que passeava o seu cão e que alertou as autoridades.
Embora sejam encontradas sobretudo no Golfo do México e na costa atlântica dos Estados Unidos da América (EUA), alguns juvenis de tartaruga-de-kemp são apanhados na Corrente do Golfo e acabam por ser arrastados para o outro lado do Oceano Atlântico. Foi o caso desta sobrevivente, a que foi dado o nome de Tally, que foi resgatada e enviada para reabilitação no parque zoológico Anglesey Sea Zoo.
Esta quarta-feira, quase dois anos depois, finalmente estava tudo pronto para devolver Tally às águas quentes do Golfo do México, numa operação de repatriação que envolveu as autoridades britânicas e norte-americanas. E a sobrevivente já terá chegado aos EUA.
Antes de ser devolvida ao mar, Tally ficará sob observação no Texas, ao cuidado do serviço de pescas e vida selvagem dos EUA, e tudo aponta para que seja liberdade no início de setembro, ao largo da cidade texana de Galveston.
“Esperamos que a Tally cresça até atingir a maturidade e regresse para nidificar numa praia no Texas dentro de alguns anos para ajudar a assegurar a sobrevivência da sua espécie no futuro”, explica Mary Kay Skoruppa, coordenadora do programa texano de tartarugas marinhas do serviço de vida selvagem dos EUA.
Segundo a informação divulgada pela Força Área britânica, será colocado um dispositivo de monitorização em Tally para que os especialistas possam seguir os seus passos após a libertação.
Embora não se saiba ao certo quantas tartarugas-de-kemp existam hoje no mundo, alguns números apontam para entre 7.000 e 9.000 fêmeas adultas, e as populações têm vindo a ser fortemente pressionadas pela captura acidental ao longo do último século e pela recolha ilegal dos seus ovos.
De acordo com o OMARE – Observatório Marinho de Esposende, “em Portugal existem registos de arrojamento regulares, bem como nas costas de outros países europeus”.