‘Bolas de vermes’: Cooperação entre invertebrados para superar adversidades

O mundo natural está repleto de exemplos de cooperação entre membros de um mesmo grupo para fazer face a condições ambientais que seriam demasiado duras para apenas um indivíduo.
Uma equipa de investigadores das Universidades de Tohoku e de Hiroshima, no Japão, descobriu agora que também algumas espécies de vermes tubiformes (em forma de tubo), como anelídeos do género Limnodrilus, são capazes de formar ‘bolas’ de vários indivíduos que ajudam o grupo de deslocar-se em ambientes complexos.
Em laboratório, os cientistas criaram terrenos artificiais compostos por dois extremos circulares unidos através de um túnel estreito. Colocados em um dos extremos, para passarem para o outro lado, os invertebrados teriam de modificar a sua ‘bola’ para caber no pequeno canal. E foi precisamente isso que os cientistas observaram.

Foto: Taishi Mikami et al.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Frontiers in Neurorobotics’, explicam que, quando formam as ‘bolas’, os vermes que estão no exterior da formação esférica mantêm as caudas viradas para fora. Mas se forem expostos a uma substância repelente, esses indivíduos giram, apontando a cabeça para o exterior.
Ao fazê-lo, os vermes formam uma espécie de apêndice que brota da ‘bola’, e arrastam-na para longe do repelente. Nos terrenos artificiais, a formação esférica alterou a sua forma para caber no túnel estreito, com os indivíduos que formam o apêndice a agarrarem estruturas semelhantes a estacas no outro extremo circular.

Imagem: Taishi Mikami et al.
Depois de firmemente agarrados, os vermes começam a puxar a restante esfera, trazendo para um local mais seguro, livre de repelente, os outros indivíduos do grupo.
Os investigadores dizem que, embora a formação esférica ofereça aos vermes uma proteção acrescida face a predadores e a condições ambientais negativas, movê-la pelo solo pode ser uma tarefa complicada. Mas apontam que a capacidade para formarem um apêndice é a grande vantagem dessas ‘bolas de vermes’, que permitem que os grupos se desloquem mais rapidamente e em grupo em busca de ambientes de mais favoráveis, numa verdadeira concretização da célebre expressão popular ‘a união faz a força’.
Os autores deste trabalho acreditam que os resultados podem contribuir para a criação de robots compostos por várias partes que precisem de se deslocar por terrenos com condições semelhantes às da experiência, podendo mover-se de um local para outro através de canais estreitos mantendo a sua integridade e funcionalidade.