“Quinta inteligente” vai andar pelo país a alertar para uso sustentável de fitofarmacêuticos
A ‘Smart Farm Virtual’, um projeto da associação da indústria para a proteção de plantas, inicia hoje um ‘roadshow’, que terá paragem em vários pontos do país, para capacitar o setor agrícola para o uso sustentável de fitofármacos.
O “pontapé de saída” acontece hoje na AgroGlobal, uma feira agrícola que se realiza até quinta-feira, em Santarém, com um seminário, no qual vão estar presentes alguns especialistas e profissionais do setor.
“A Smart Farm Virtual surge com base no nosso projeto, com a mesma designação, situado na Companhia das Lezírias, desde 2016, e visa capacitar o setor agrícola para o uso sustentável de produtos fitofarmacêuticos. Com o passar dos anos, e via pandemia, decidimos tornar a visita à ‘Smart Farm’ digital e assim nasceu o projeto em 2022”, explicou o diretor executivo da Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA), João Cardoso, em declarações à Lusa.
A visita virtual, disponível permanentemente no ‘site’ da ANIPLA (anipla.com/sfv), permite aceder a boas práticas de utilização segura e sustentável de fitofarmacêuticos e ficar a conhecer as tecnologias que podem ajudar o agricultor “a ser cada vez mais eficiente” no uso destes produtos.
O projeto, que conta com 7.000 visitas no espaço virtual e 1.300 no físico, vai agora ao terreno ter com os agricultores, mas também com as associações, estudantes e com os consumidores de forma geral para esclarecer dúvidas e curiosidades e manter objetivo de formação contínua do setor.
Com paragem já definida em Coimbra, Fundão (Castelo Branco), Évora e Faro, a meta é ter “a maior expressão possível”, estando a associação também a planear ações no Minho e no Douro.
O ‘roadshow’ pretende ainda aumentar as visitas à Smart Farm Virtual para 10.000 até ao final do ano.
A plataforma conta com 12.000 euros de investimento, feito com base no apoio da associação CropLife Europe.
A nível europeu, existe o objetivo de formar um milhão de agricultores e técnicos, ambição para a qual o projeto quer contribuir.
Esta plataforma, lançada há menos de um ano, permite ainda a possibilidade de atualização dos conteúdos disponibilizados aos utilizadores e a ANIPLA, que recentemente celebrou protocolos com o setor da proteção das plantas, quer agregar mais conhecimentos, apontando a “questão das armadilhas digitais para fazer a monitorização de pragas na cultura do olival” e a pulverização automática através de robots como as duas áreas a inovar.
João Cardoso faz também um “balanço muito positivo” da Smart Farm (física), que já foi visitada por políticos, agricultores, técnicos e estudantes, mesmo com dois anos de restrições devido à pandemia da covid-19.
“Os agricultores querem melhorar as suas explorações, nomeadamente, querem saber como melhor gerir as águas de lavagem, como aumentar a biodiversidade das suas explorações e como calibrar melhor os pulverizadores de modo a serem mais eficientes na aplicação de fitofarmacêuticos”, precisou.
No entanto, é a “mais recente estação de biodiversidade” que mais tem suscitado a curiosidade dos visitantes, ao integrar “métodos tecnológicos numa agricultura tradicional, mas que está em constante evolução”.
O diretor executivo da ANIPLA lembrou que, em 20 anos, o setor reduziu em cerca de 40% a quantidade de fitofarmacêuticos utilizada, com a ajuda da evolução da tecnologia e da incorporação da mesma nas explorações, bem como da formação, obrigatória desde 2013.
“A nossa visão é que as metas europeias de 50% de redução de fitofármacos até 2030 não sejam atingidas por imposição legal, mas através da incorporação da tecnologia e da formação e a smart Farm Virtual tem um papel importante aqui na capacitação do setor para se atingir estes objetivos”, concluiu.
Constituída em 1992, a ANIPLA conta, atualmente, com 15 associados.