Desperdício alimentar custa mais de 3,3 mil milhões de euros por ano aos portugueses
De acordo com um estudo desenvolvido pela Too Good To Go – empresa de impacto social com certificação Bcorp responsável pela maior aplicação onde os consumidores podem salvar diariamente refeições de restaurantes, supermercados ou mercados, a um preço reduzido -, o desperdício alimentar custa 28€ mensalmente a cada português, em média. Esse valor aumenta quando a resposta é dada pelos inquiridos no estrato etário entre os 18 e 24 anos, ao chegar aos 33€ mensais.
Segundo a mesma fonte, tal resulta numa média anual de 336€ perdidos em más práticas de gestão alimentar. Número que, se multiplicado pela população nacional, atinge o total de 3,36 mil milhões de euros – por exemplo, similar ao pedido adicional recentemente feito por Portugal à União Europeia, no âmbito do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
Inflação, esse dilema
A empresa explica que “não é por acaso que o tema do desperdício alimentar ganha destaque em Portugal”. Nesse sentido, e ainda de acordo com o estudo da Too Good To Go, o aumento do custo de vida aumentou também a consciência quanto à necessidade de evitar gastos desnecessários. De facto, 55,7% dos inquiridos assumem-se muito mais atentos aos alimentos que consomem.
E apenas 14,3% das pessoas não mudaram os seus hábitos, na sequência da espiral inflacionista. Como consequência, 75% dos portugueses admitem que os preços mais elevados tiveram como resultado a diminuição dos desperdícios, bem como uma perceção do real valor dos produtos alimentícios.
Este cuidado resultou, também, num aumento da utilização das soluções Too Good To Go. Até julho deste ano subiu o número refeições salvas, incremento de 46,6%, quando comparado com os primeiros 7 meses de 2022. Igualmente positivo, cresceu o total de inscritos na aplicação (mais 37,8%), de acordo com os registos efetuados entre janeiro e julho de 2023 e face a igual período de 2022.
Com o Regresso às Aulas, o que fazer, para gerir as contas lá de casa?
Ora, depois dos recentes gastos, decorrentes das férias de verão, a par da inflação, regressa um dos maiores tormentos de adultos (e que deixa os mais novos entusiasmados) – o período de compras dos materiais escolares. Para as famílias, é necessário adquirir as mochilas, lápis, canetas, réguas, esquadros, cadernos e livros escolares. Também é tempo de fazerem contas à vida .
Existe formas de diminuir os gastos e, com isso, o desperdício de alimentos, como, por exemplo, planear antecipadamente as refeições, não fazer compras antes das refeições (a vontade de comer leva a decisões menos racionais), organizar e cozinhar vários pratos, aumentar a literacia alimentar e conhecer as melhores forma de aproveitar os alimentos ou levar mais vezes comida para o trabalho ou (no caso dos seus filhos) para a escola.
Para María Tolentino, Country Director da Too Good To Go, “os portugueses estão cada vez mais atentos relativamente ao desperdício alimentar. E este período de regresso às aulas é uma ótima oportunidade para nos focarmos na poupança, seja a nível orçamental, seja na forma como a comida é aproveitada. Devemos estar sensibilizados para os tempos complexos que vivemos. É que, se sabemos que vamos ter mais gastos com os mais novos, então encontremos alternativas, por exemplo, nos nossos comportamentos alimentares. Cientes dos impactos que trará, por exemplo, para a nossa carteira e, numa perspetiva mais alargada, para o planeta”.