Cientistas de Coimbra combatem lixo marinho no Japão com recurso à tecnologia
Dois especialistas da Universidade de Coimbra (UC) vão apoiar no combate ao lixo marinho no Japão através de drones e inteligência artificial (IA), desenvolvidos no projeto “UAS4Litter”, revelou hoje aquela instituição de ensino superior.
As diretrizes relativas à monitorização do lixo marinho nas praias da costa japonesa vão ser debatidas por um grupo de peritos internacionais, na segunda e na terça-feira, numa reunião organizada pelo Ministério do Ambiente do Japão (MOEJ), em Tóquio.
De acordo com a UC, é a segunda reunião que junta o grupo Smart Marine Litter Remote Sensing Technology (SmartMLRST) e que visa atingir os objetivos traçados na cimeira do G20, realizada em 2019 sob a égide da “Visão do Oceano Azul de Osaka”, e que tem como meta, até 2050, reduzir a zero a poluição causada pelo lixo marinho, incluindo plásticos.
A definição das diretrizes para a monitorização do lixo marinho, através de tecnologias de deteção remota, vai permitir “a padronização dos métodos a utilizar na monitorização, disponibilizando dados comparáveis sobre a atual distribuição, quantificação e composição do lixo, incluindo plásticos em ambiente marinho, os quais são essenciais na implementação de medidas de mitigação”, disse, citado no comunicado, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC-Coimbra) Gil Gonçalves.
De acordo com o outro membro da SmartMLRST, também investigador no INESC-Coimbra, Umberto Andriolo, o papel do grupo passa “pela partilha e transferência de conhecimento adquirido”, no âmbito do projeto UAS4Litter, com vista à “definição das diretrizes relativas à monitorização do lixo marinho das praias da costa japonesa, recorrendo a drones e IA”.
O UAS4Litter foi um projeto de investigação “inovador ao desenvolver, implementar e testar um quadro de referência (framework) baseado em drones de baixo custo para a deteção, identificação e mapeamento do lixo marinho em sistemas praia-duna”, apontou.
Segundo a dupla da FCTUC, “voando um drone equipado com uma câmara digital (RGB e/ou multiespectral), a uma altitude de 20 metros, a ‘framework’ proposta engloba a geração de dois produtos geoespaciais para permitir estudar a dinâmica do lixo marinho, assim como a deteção e identificação do lixo em ortomosaicos (ou imagens) utilizando métodos manuais e automáticos baseados em IA, a produção de mapas de lixo marinho que podem servir também na otimização de operações de limpeza e a integração da morfologia das praias e dunas e forças ambientais (ondas, maré e vento), para caracterizar a abundância e dinâmica do lixo marinho nos sistemas costeiros”.
Na reunião, além da padronização das diretrizes a adotar na monitorização do lixo marinho com tecnologias de deteção remota, vai ser analisada cada uma das tecnologias disponíveis, designadamente o satélite, avião, balão, ‘webcams’ e ‘smartphones’.
No entanto, será dado um destaque especial para a tecnologia drone, visto que constitui “uma das ferramentas mais promissoras na monitorização dos itens de lixo marinho, com dimensões superiores a 2,5 cm [centímetros], nas praias e zonas costeiras”.
À semelhança deste acordo com o MOEJ, o protocolo desenvolvido no âmbito do projeto UAS4Litter foi também apresentado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que o pretende implementar na monitorização do lixo marinho nas áreas costeiras de Guarajá, no Brasil.