Mesmo em santuários, populações de tubarões continuam em risco de captura e morte



Os santuários são um tipo de área marinha protegida, mas, ao contrário de outras, permitem a continuação da pesca. Como tal, o risco de captura acidental e de mortes que daí derivem continua presente, pressionando as populações desse grupo de elasmobrânquios.

Para perceberem quais os reais efeitos dos santuários de tubarões na conservação dessas espécies e o nível de mortalidade por captura acidental, uma equipa de investigadores da Virginia Tech, dos Estados Unidos da América, estudou oito santuários no Pacífico sudoeste: Palau, Micronésia, Ilhas Marshall, Kiribati, Nova Caledónia, Samoa, Ilhas Cook e Polinésia Francesa.

Área abrangida por esta investigação: Palau, Micronésia, Ilhas Marshall, Kiribati, Nova Caledónia, Samoa, Ilhas Cook e Polinésia Francesa.
Imagem: Artigo

Através da análise de dados de geolocalização de embarcações pesqueiras, da plataforma Global Fishing Watch, e de informação pública sobre a atividade nesses locais, os investigadores estimam que, só em 2019, terão sido capturados acidentalmente 286.820 tubarões, dos quais 109.729 terão morrido devido ao stress causado pela captura.

Mais de 70% dos animais capturados eram tubarões-azuis (Prionace glauca) e tubarões-luzidios (Carcharhinus falciformis), devido às suas grandes dimensões, embora espécies de Alopias e tubarões-de-pontas-brancas (Carcharhinus longimanus) estejam também entre os mais capturados e tenham elevadas taxas de mortalidade.

“Existe sempre discussão sobre o impacto que as áreas marinhas protegidas e de santuários de tubarões têm na conservação das populações das espécies”, afirma Francesco Ferretti, um dos autores do artigo publicado recentemente na revista ‘Science Advances’.

“O que este trabalho faz, pela primeira vez, é fornecer números claros sobre quantos tubarões estão a ser capturados e quantos estão a morrer como resultado da pesca nestas águas”, aponta.

Brendan Shea, que também assina o estudo, destaca que, para que as áreas marinhas protegidas, como os santuários, possam realmente trazer benefícios a grandes espécies de animais pelágicos, é preciso “compreender melhor” os espaços em que eles vivem ao longo das suas vidas. E refere que existe ainda muito desconhecimento sobre a distribuição de espécies que usam grandes áreas.

Por isso, os investigadores defendem que é preciso mais trabalho de investigação para se poder avaliar, com maior precisão, os benefícios reais que os santuários geram para a conservação de espécies de tubarões e que outras medidas podem ser aplicadas para maximizar esses esforços.





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