Minerais verdes vão impulsionar economia africana
O Banco Africano de Desenvolvimento prevê que minerais críticos para a energia verde substituam o petróleo como motores de crescimento económico do continente, afirmou hoje a diretora do Centro Africano de Recursos Naturais, Vanessa Ushie.
“Prevemos que existe uma oportunidade a médio prazo, nos próximos 10 a 15 anos, para que África tire partido dos seus minerais verdes. Se olharmos para o potencial de riqueza, é evidente que as energias renováveis vão impulsionar o futuro de África”, garantiu a economista nigeriana.
Esta análise “questiona a ideia convencional de que África é predominantemente rica em combustíveis fósseis”, a qual tem vindo a mudar nos últimos anos graças ao desenvolvimento das energias renováveis.
Ushie falava durante a conferência organizada pelo centro de estudos britânico Chatham House e pela fundação alemã Konrad-Adenauer-Stiftung sobre os “Minerais estratégicos de África?”, realizada em Abidjan, na Costa do Marfim, e transmitida pela Internet.
Estima-se que África tenha 30% das reservas de minerais considerados críticos, alguns dos quais são essenciais para as tecnologias necessárias para as energias renováveis ou de emissão baixa de carbono.
Segundo a responsável, a transição energética está a reduzir a procura, consumo e financiamento para explorar certos recursos, como o petróleo e o carvão, e a abrir “novas oportunidades para algumas energias não renováveis, particularmente os minerais verdes ou minerais críticos”.
Ushie referiu que “metade dos países de África possui pelo menos um destes minerais essenciais” em abundância, como cobalto, lítio, manganês, ferro ou alumínio, e prevê que os preços vão disparar entre 200% a 2800%.
“A questão que se coloca é como aproveitar esta vantagem natural tão abundante e como tirar partido dela para construir economias mais inclusivas”, questionou, defendendo o fabrico de equipamentos no continente.
Por exemplo, a República Democrática do Congo produz 70% do cobalto mundial necessário para produzir baterias para carros elétricos, cuja maioria é feita na China.
“Trata-se de um mercado enorme, que deverá atingir cerca de oito biliões de dólares [7,47 biliões de euros] em dois anos. África tem de estar preparada para aproveitar seriamente esta oportunidade”, avisou.