Investigadores da Universidade do Porto lideram descoberta de nova espécie de osga em Madagáscar

Num planalto na região centro-sul de Madagáscar, por entre rochedos graníticos e pequenas manchas florestais, escondia-se um segredo bem escondido: uma osga que ainda não tinha sido cientificamente descrita. Mas uma investigação liderada por cientistas da Universidade do Porto deu à Ciência uma nova espécie, a que deram o nome de Paroedura manongavato.
Os espécimes foram recolhidos na Reserva de Anja e no vale florestal de Tsaranoro, uma reserva natural também conhecida como Floresta Sagrada, dois locais que são separados por aproximadamente 25 quilómetros.
De acordo com Costanza Piccoli, primeira autora do artigo publicado na revista ‘Zookeys’ que dá conta da descoberta, a descrição desta nova espécie de osga é mais um passo dado em direção a uma maior compreensão da diversidade do género Paroedura, que atualmente conta com 25 espécies já descritas, “todas vivendo exclusivamente em Madagáscar e Comores”, cita nota da Universidade do Porto.

Foto: Javier Lobón-Rovira
Por considerarem que essa nova osga, pelo menos com os dados que hoje têm em mãos, ocorre apenas nesses dois locais, os investigadores propõem que a espécie seja classificada como ‘Criticamente em Perigo’.
“A sobrevivência de P. manongavato, considerada como espécie microendémica por estar restrita a uma área de distribuição muito estreita, depende assim da preservação destas pequenas manchas florestais”, salienta a equipa.

Foto: Javier Lobón-Rovira
No artigo, os autores escrevem que a nova espécie de osga “ocorre numa paisagem severamente fragmentada, composta por manchas isoladas de floresta adequada rodeadas de habitats desadequados e antropogenicamente modificados, incluindo campos agrícolas, pastagens, pradarias, povoamentos humanos e estradas”. Como acreditam que precisa de áreas florestais para “manter populações viáveis”, os investigadores avisam que a osga P. manongavato, embora só agora tenha sido descoberta, possa estar já ameaçada.
E acrescentam: “Inventários de espécies e investigação taxonómica são fundamentais para melhorar o nosso conhecimento sobre a biodiversidade global”, sobretudo quanto a espécies com áreas de distribuição reduzidas “que têm um maior risco de extinção”, como é o caso da que agora foi cientificamente descrita pela primeira vez.

Foto: Angelica Crottini
Além da Universidade do Porto, a investigação contou ainda com cientistas do centro de investigação BIOPOLIS-CIBIO, do Museu Regional de Ciência Natural de Turim, em Itália, da Universidade d’Antananarivo (Madagáscar), da Sociedade Zoológica de Londres e do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas (cE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.