Investigação usa medronheiros para adaptar agricultura às alterações climáticas



A descoberta de novas soluções para adaptar o setor agrícola às alterações climáticas e melhorar a produtividade dos medronheiros são o mote de uma investigação universitária em curso na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, anunciou ontem o município.

Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, a autarquia da Pampilhosa da Serra explicou que as espécies de medronheiros irão ocupar um campo experimental com cerca de um hectare – dez mil metros quadrados, área ligeiramente superior a um campo de futebol de 11 – onde as plantas de onde provém o medronho, fruto usado na produção de licores e aguardente, irão ser testadas com recurso a novos métodos de fertilização do solo.

Para tal, serão testadas espécies já existentes de medronheiros e também clones daquele arbusto, usando na fertilização do solo agrícola resíduos com diferentes combinações e proveniências, como estações de tratamento de águas residuais, explorações pastorícias ou excedentes de destilaria.

A investigação, realizada no âmbito do projeto Carb2Soil, liderado pelo Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), visa ainda reforçar a capacidade de sequestro de carbono dos medronheiros.

Citado na nota, o professor da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC/IPC) António Ferreira vincou que o projeto tenta usar fontes não convencionais de matéria orgânica para melhorar a produtividade dos solos e retirar carbono da atmosfera.

A investigação tentará encontrar novas soluções para mitigar e adaptar o setor agrícola às alterações climáticas, introduzindo eficiência na produção, adiantou o docente da ESAC.

António Ferreira disse ainda que se o método utilizado no campo experimental do medronho provar que dessa forma é possível incorporar mais matéria orgânica nos solos e aumentar a sua saúde e qualidade, o município da Pampilhosa da Serra “terá um papel cada vez mais relevante na disseminação de conhecimento associado à cultura desta planta, mas também na diminuição da pegada de carbono” da região.

O projeto, desenvolvido em colaboração com a comunidade intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, envolve ainda a empresa Lenda da Beira, sediada na Pampilhosa da Serra e que se dedica à produção e comercialização de licores e aguardente, a qual, para além de ceder o terreno, irá partilhar conhecimento de campo com os investigadores.

“É muito importante participar em projetos com entidades de investigação. Temos algum conhecimento de campo, mas estamos sempre prontos para melhorar e inovar os métodos de cultura”, observou, também citado no comunicado, José Martins, fundador e diretor-geral da empresa.

O Carb2soil envolve mais de 20 parceiros, entre agricultores, associações setoriais, instituições de ensino superior e entidades administrativas, como a CIM Região de Coimbra e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.





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