Os ovos desta pequena ave do deserto são maiores quanto mais fêmeas houver para ajudar



A reprodução em alguns animais pode depender da ajuda que poderão ter para cuidar das crias, especialmente em espécies altamente sociais. É um tipo de ‘planeamento familiar’ através do qual as progenitoras asseguram que não ficarão sozinhas a criar a próxima geração.

Esse é também o caso de um pardal da espécie Plocepasser mahali, nativa do sul e leste de África, onde vive e zonas áridas e em grupos familiares que podem ter mais de 10 indivíduos e que são dominados por um casal reprodutor. A tarefa de cuidar das crias é, de forma geral, partilhada por todos, mas são as fêmeas, especialmente a progenitora e as suas descendentes fêmeas já crescidas, que assumem a dianteira nessa área.

Agora, uma investigação da Universidade de Exeter, no Reino Unido, revela que o tamanho dos ovos postos pela ‘fêmea alfa’ poderá variar consoante a ajuda que terá para cuidar das crias. Ou seja, os ovos serão maiores se mais fêmeas houver para que a progenitora possa partilhar o fardo.

Num artigo divulgado na revista ‘PLOS Biology’, os cientistas explicam que o número de machos do grupo pouco ou nada influencia o tamanho dos ovos, pois embora ajudem a alimentar as crias, as fêmeas são os ajudantes mais confiáveis e eficazes.

“Não sabemos ainda por que razão mães que tenham ajuda estão a colocar ovos mais pesados, mas os nossos resultados apontam para uma possível explicação”, afirma, em comunicado, Pablo Capilla-Lasheras, primeiro autor do artigo e agora afiliado à Universidade de Glasgow.

As ajudantes podem permitir às progenitoras dedicar mais tempo aos seus ovos e às suas crias, durante a fase de incubação e depois de nascerem, ao executarem outras tarefas que estariam à responsabilidade da mãe.

Os investigadores consideram que este é o primeiro estudo a demonstrar a ligação entre o tamanho dos ovos e o ambiente social em que a progenitora se insere.

“Esta descoberta tem potenciais implicações para outras espécies cooperativas também, incluindo nós, porque esta estratégia maternal de aumentar o investimento na cria antes do nascimento quando há ajuda por perto (…) pode ser algo que ocorre de forma mais ampla em espécies cooperativas”, sugere Andrew Young, outro dos autores.

Estima-se que cerca de 10% das espécies de aves em todo o mundo tenham nos seus grupos ajudantes não-reprodutores deste tipo, mas estas espécies de pardais estão entre as mais cooperativas, sendo que as progenitoras podem ter até 10 ajudantes.





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