Negócios de combustíveis fósseis na COP28? “Totalmente inaceitável”, diz Greenpeace



A emissora britânica BBC revelou ter tido acesso a documentos confidenciais que indicam que o Presidente da cimeira climática global (COP28), que arranca esta semana no Dubai, teria planos para usar a sua posição para estabelecer negócios de petróleo e gás com dezenas de países que marcarão presença no evento.

A delegação dos Emirados Árabes Unidos (EAU), cujo líder Sultan al-Jaber é também o coordenador dos trabalhos desta COP, não terá, segundo a mesma fonte, negado pretender usar as reuniões para discutir negócios ligados à energia fóssil, dizendo somente que “reuniões privadas são privadas”.

De forma geral, os documentos revelam intenções dos EAU para, através da petrolífera estatal, a ADNOC, tentar fechar projetos de exploração de combustíveis fosseis com países como Alemanha, Egipto e Colômbia.

Além disso, a BBC diz também que o país pretende aproveitar os encontros na cimeira climática para discutir oportunidades comerciais no campo das energias renováveis, por intermédio da empresa estatal Masdar, com cerca de 20 outros governos estrangeiros, entre eles o Reino Unido, os Estados Unidos da América, França, Alemanha, o Brasil e a Arábia Saudita.

Em reação às revelações feitas, Kaisa Kosonen, da Greenpeace, declara, em comunicado, que “se as alegações forem verdade, isto é totalmente inaceitável e um verdadeiro escândalo”.

Para a coordenadora de políticas da organização ambientalista internacional, “o líder da cimeira climática deveria estar focado em fazer avançar as soluções climáticas imparcialmente” e não em estabelecer “negócios que alimentam a crise”.

A nomeação de Sultan al-Jaber para Presidente da COP28 foi fortemente contestada pelos movimentos e organizações de defesa do Ambiente, por ele ser diretor-executivo da ADNOC. Por isso, Kosonen afirma que “este é precisamente o tipo de conflito de interesses que receávamos quando o CEO de uma petrolífera foi nomeado para o cargo”.

E aponta que, a ser verdade, essas ações da Presidência da cimeira climática afetarão negativamente a credibilidade dos esforços globais que têm vindo a ser feitos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e para travar as causas das alterações climáticas.

A ambientalista da Greenpeace diz que o que faria desta COP uma cimeira “verdadeiramente histórica”, e aquilo pelo qual “o mundo aguarda ansiosamente”, é um acordo global, “justo e equitativo”, para o abandono progressivo dos combustíveis fósseis e “fazer com os que os poluidores paguem pelas perdas e danos que causaram às comunidades”.

“A COP é uma oportunidade para assegurar a nossa sobrevivência, não para fazer negócios que alimentam a crise”, salienta, acrescentando que “esta cimeira é o fórum mais poderoso do mundo para evitar a maior ameaça à sobrevivência da humanidade, e instamos a Presidência a agir em conformidade”.





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