Lítio: Caravana antiminas passa na sexta-feira por aldeias de Montalegre e Boticas



Uma caravana antimineração vai percorrer na sexta-feira quatro aldeias “ameaçadas” por minas nos concelhos de Boticas e Montalegre, no distrito de Vila Real, para pedir a suspensão e rescisão de todos os contratos de exploração mineira.

A caravana tem ponto de encontro em Morgade e segue viagem para a Borralha, aldeias do concelho de Montalegre, passando depois por Dornelas e terminando em Covas do Barroso, já em Boticas.

A iniciativa, segundo foi divulgado hoje, em comunicado, visa pedir “a suspensão e rescisão de todos os contratos de exploração mineira” no Barroso, região que é Património Agrícola Mundial.

Com esta ação, os movimentos e associações querem alertar “para a destruição socioecológica que representa a mineração, desmascarar a falsa narrativa da transição energética verde e demonstrar a sua união e força perante esta ameaça aos seus territórios”.

A caravana vai passar por zonas “ameaçadas” pelas minas de lítio do Romano (Morgade) e do Barroso (Covas do Barroso), projetos concessionados às empresas, respetivamente, Lusorecursos Portugal Lithium e Savannah Resources, e que obtiveram uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, mas condicionada à concretização de medidas de compensação e de mitigação.

São também projetos incluídos na investigação judicial Influencer, que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa.

Na Borralha, a empresa Minerália – Minas, Geotécnia e Construções está a realizar trabalhos de perfuração e sondagem com vista à exploração de volfrâmio e outros minerais.

Recentemente, um grupo de associações e movimentos antiminas denunciou que os trabalhos estão a decorrer num terreno que o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) classificou como muito poluído, num estudo publicado em 2015, uma situação que dizem que se “mantém atual” porque “nada foi feito”.

Os opositores às minas alegam ainda que “tal grau de poluição, principalmente metais pesados com elevada toxicidade, é resultante de depósitos de material (escombreiras) proveniente de mineração antiga nas minas de volfrâmio da Borralha”, pelo que alertaram para questões de saúde pública que podem afetar quer os trabalhadores, quer quem vive nas imediações.

Em Dornelas, as queixas são dirigidas à ampliação da mina a céu aberto de Lousas, que está a ser explorada desde 2008 pela empresa Felmica.

Os trabalhos de exploração na mina de Lousas têm como foco principal a exploração de rocha pegmatítica (composta, entre outros minerais, por quartzo e feldspato) a aplicar na indústria cerâmica.

A caravana é uma iniciativa conjunta de oito associações locais e nacionais, designadamente a Associação Povo e Natureza do Barroso (PNB), a Unidos pela Natureza – Associação de Desenvolvimento de Dornelas, a Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), a Associação Bio-N, o Movimento Não às Minas – Montalegre, o Espaço A Sachola, a Rede Minas Não e a Iris – Associação Nacional de Ambiente.





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