Desflorestação em zona de Mata Atlântica brasileira cai 59% entre janeiro e agosto
A desflorestação na Mata Atlântica, bioma tropical que cobre grande parte da costa brasileira, caiu 59% entre janeiro e agosto deste ano, segundo informações divulgadas ontem pela organização não-governamental SOS Mata Atlântica.
Os dados – consolidados na plataforma MapBiomas Alerta a partir de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas – apontam que a área desflorestada entre janeiro e agosto deste ano foi de 9.216 hectares, menos 59% face ao mesmo período de 2022. Até maio, a redução era de 42%.
A análise acrescentou que esse dado sobre redução da desflorestação leva em conta apenas os limites do bioma Mata Atlântica estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019.
Na área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, que inclui parte dos biomas da Caatinga, localizado no nordeste brasileiro, e do Cerrado, localizado na região central do país sul-americano, a diminuição foi de 26%.
Os dados apontaram que houve queda na desflorestação em todos os 15 estados que compõem a Mata Atlântica segundo a delimitação do IBGE, entre os quais se destacam Paraná e Santa Catarina que, historicamente, registam alto índice de derrubes.
Nesses dois estados a diminuição foi de, respetivamente, 64% (de 2.763 para 992 hectares desflorestados) e 66% (de 1.816 para 600 hectares desflorestados).
Segundo o diretor executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, a redução da destruição florestal neste bioma brasileiro mostra que a mudança na gestão federal das políticas para o meio ambiente teve impacto prático.
“Grande parte desse decréscimo ocorreu em áreas maiores, especialmente aquelas acima de 15 hectares, o que evidencia que o incremento da fiscalização ambiental e as restrições de crédito financeiro para propriedades com desflorestações não autorizadas”, disse Guedes Pintoem comunicado.
O diretor da organização que luta pela preservação da Mata Atlântica ressaltou, porém, que esse resultado ainda está longe de ser satisfatório.
“A quantidade de Mata Atlântica desflorestada ainda é inadmissível em estados como Minas Gerais, Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul, principalmente na transição com o Cerrado e a Caatinga. Estamos muito longe de fazer a nossa parte de cumprir o Acordo de Paris e do compromisso voluntário do Brasil de alcançar a desfloresatção zero em todos os biomas até 2030”, concluiu.