Dupla de investigadores descobriu 31 novas espécies de esponjas marinhas no Peru
As esponjas são dos animais mais sucedidos do planeta. Podem ter um aspeto pouco memorável e até enfadonho, não ter sistemas nervoso ou digestivo, nem boca, ânus ou músculos, mas vivem na Terra há milhões de anos.
Os fósseis mais antigos de esponjas até hoje conhecidos têm mais de 540 milhões de anos, datando do Pré-câmbrico. E podem ser encontradas nos mares ou em água doce, da costa às profundezas oceânicas, em zonas temperadas ou tropicais.
Por se alimentarem por filtração, estas criaturas, que são animais, são fundamentais para a estabilidade dos ecossistemas, uma vez que ‘limpando’ a água de impurezas. E isso faz delas também importantes indicadores da saúde dos habitats.
Dada a sua excecional capacidade de sobrevivência e adaptação, as esponjas são tesouros da Medicina. As toxinas que produzem para se protegerem de predadores contêm moléculas que são muito procuradas pelas suas propriedades antivirais, antibacterianas, anticancerígenas e anti-inflamatórias.
Por tudo isso, estes animais são vistos por muitos como extraordinários. É isso o que pensam os biólogos marinhos Philippe Willenz, do Instituto de Ciências Naturais da Bélgica, e Eduardo Hajdu, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Há mais de 10 anos, a dupla embarcou na missão de descrever a diversidade de esponjas que ocorrem no Peru. Entre 2007 e 2009, recolheram perto de 900 espécimes em 109 localizações. Entre as 86 espécies identificadas, descobriram 31 totalmente novas para a Ciência.
O trabalho foi compilado e organizado no manual ilustrado ‘Marine and Freshwater Sponges of Peru’, publicado pela ABC Taxa no ano passado e que resume 15 anos de trabalho em prol do conhecimento sobre as esponjas marinhas.
Estima-se que existam cerca de 15 mil espécies diferentes de esponjas em todo o mundo, 10 mil das quais só foram oficialmente descritas nos últimos 100 anos. Quanto ao Peru, a diversidade de esponjas era praticamente desconhecida antes dos anos 2000.
“Antes das nossas próprias coleções e resultados publicados, a literatura mencionava apenas 13 espécies de esponjas do mar peruano, principalmente recolhidas nas dragagens feitas no final do século XIX e início do século XX”, escrevem os autores no prefácio à obra.
Para estes biólogos, poderá haver muito mais para descobrir: “É provável que muitas novas espécies possam ainda ser encontradas no futuro ao longo da costa peruana”. Com este guia, esperam estimular o interesse de todos aqueles que querem explorar “o mundo absorvente das esponjas”.