Subida do nível dos mares pode deixar comunidades isoladas e ainda mais vulneráveis



O aumento do nível médio dos mares é um dos efeitos mais contundentes das alterações climáticas. A perda das massas de gelo nos pólos do planeta derrete numa Terra cada vez mais quente e faz aumentar a quantidade de água nos mares e oceanos, podendo submergir regiões costeiras e fazer desaparecer territórios insulares.

Por exemplo, o arquipélago de Vanuatu, no oceano Pacífico, já começou a criar planos para realojar parte da sua população perante a ameaça do avanço do mar. Ainda, a Agência Europeia do Ambiente estima que, num cenário de emissões reduzidas, o mais otimista, o nível médio do mar a nível global deverá aumentar entre 0,28 e 0,55 metros até 2100. No pior cenário, o aumento poderá chegar aos 1,02 metros.

Agora, um novo estudo, publicado na revista ‘Nature Communications’, revela que, quando os níveis marinhos ultrapassarem a barreira de um metro “as populações minoritárias enfrentarão um risco desproporcionado de isolamento”.

Focando-se na realidade norte-americana, os investigadores dizem que a subida do nível dos mares poderá inundar estradas e submergir redes de transportes, como caminhos-de-ferro, impedido que as populações de regiões costeiras possam aceder a vários serviços essenciais, como escolas e hospitais, e locais mais seguros. E alertam que esse fenómeno poderá intensificar desigualdades sociais existentes e agravar a vulnerabilidade de grupos já bastante fragilizados.

O trabalho, liderado por Kelsea Best, da Universidade Estadual do Ohio, nos Estados Unidos da América, estima que o isolamento de comunidades costeiras e vulneráveis provocado pelo avanço do mar tem impactos sociais que não estão a ser devidamente considerados quando se projeta as consequências desse fenómeno associado às alterações climáticas.

Comunidades que vivem em locais com pouca oferta de serviços essenciais ficarão ainda mais fragilizadas quando a água lhes cortar as vias de acesso a outros locais. A investigação aponta que as comunidades afroamericana e hispânica são as que enfrentarão “um risco desproporcionadamente maior de isolamento”, bem como populações envelhecidas.

Best argumenta que “se adotarmos uma abordagem de tamanho único” para compreender os efeitos da subida do nível do mar “num mundo em alteração climática”, “então estamos realmente apenas a exacerbar essas desigualdades e isso não é suficientemente bom”.

“Temos de procurar fornecer acesso a recursos para adaptação a grupos de pessoas que tem historicamente sido esquecidos e, assim, têm menos recursos para reagir” a esses fenómenos, aponta a investigadora.

Por isso, defende que “temos de pensar sobre aquelas populações mais vulneráveis logo desde o início e desenvolver políticas que as apoiem”.





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