TotalEnergies vai analisar projetos petrolíferos polémicos no Uganda e Tanzânia



A TotalEnergies anunciou ontem que vai analisar dois projetos petrolíferos no Uganda e na Tanzânia, criticados pelo impacto ambiental e consequências para as populações, uma missão conduzida por um especialista em desenvolvimento económico em África.

O antigo primeiro-ministro do Benim, Lionel Zinsou, fundador e diretor da SouthBridge, uma empresa de consultoria especializada na área do desenvolvimento económico, foi encarregado pelo gigante petrolífero francês “de realizar uma missão de avaliação da aquisição de terrenos para os projetos Tilenga e EACOP”.

Em comunicado, a TotalEnergies afirmou que a Zinsou – com quem já tinha trabalhado no passado – terá de avaliar os procedimentos de aquisição, as condições de consulta, compensação e realojamento da população afetada, bem como o tratamento das queixas.

Analisará igualmente as ações da filial da TotalEnergies no Uganda e da EACOP (East African Crude Oil Pipeline) “para contribuir para a melhoria das condições de vida” destas populações e proporá, se o considerar necessário, outras iniciativas a implementar.

O relatório deverá estar pronto em abril e a petrolífera francesa comprometeu-se a partilhar as conclusões com os parceiros Tilenga e EACOP.

A Tilenga, na qual a TotalEnergies possui uma participação de 56,67% (a chinesa CNOOC tem 28,33% e a UNOC 15%), tem por objetivo explorar os recursos petrolíferos do Lago Albert, no Uganda.

O EACOP, no qual a TotalEnergies é também o parceiro maioritário com 62% (a UNOC tem 15%, a TPDC outros 15% e a CNOOC 8%), é um oleoduto de 1.445 quilómetros a construir para transportar o petróleo para o porto de Tanga, na Tanzânia.

Os projetos foram contestados por vários grupos, incluindo dezenas de organizações não-governamentais (ONG) internacionais, que lançaram diferentes procedimentos para os travar.

Em setembro, quatro ONG ambientais instauraram um processo em França contra a Totalenergies por “climatecídio”.

A companhia petrolífera explicou que os projetos implicam a aquisição de cerca de 6.400 hectares por conta dos Estados do Uganda e da Tanzânia, afetando 19.140 proprietários ou utilizadores, incluindo indivíduos e administrações, e deslocando 775 residências primárias.

Salientou ainda que, até à data, 98% das famílias envolvidas assinaram acordos de indemnização, 97% receberam indemnizações e 98% receberam as suas novas casas.





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