Moedas defende reforço da contribuição do turismo na higiene urbana em Lisboa



O presidente da Câmara de Lisboa afirmou ontem que a situação da higiene urbana na cidade “está nitidamente melhor”, mas persistem “muitos problemas, por exemplo, com algum alojamento local”, defendendo um aumento da taxa turística para reforçar a limpeza.

“Investimos como nunca foi feito anteriormente nesta área. Contratámos 280 pessoas desde o início do meu mandato – outubro de 2021 – […]. Tivemos aqui investidos 19 milhões de euros em equipamentos, em viaturas [69 adquiridas], portanto há uma situação que melhorou, mas ainda não está perfeita”, declarou Carlos Moedas (PSD), na inauguração da nova Unidade de Higiene Urbana de Belém.

Em declarações aos jornalistas, o autarca reconheceu que existem questões “difíceis” de resolver na área da limpeza da cidade, mas assegurou que a situação está “a melhorar estruturalmente”, realçando a valorização dos trabalhadores, com a atribuição de um suplemento de penosidade e insalubridade, admitindo que este setor “tem sempre muitas entradas e muitas saídas” de profissionais.

Os 280 novos trabalhadores “não contabilizam aqueles que saem”, mas o município está disponível para “estar sempre a contratar, se for necessário mais 200”, para colmatar essa situação, assegurou, revelando que entre a câmara e as 24 juntas de freguesia existem cerca de 2.000 profissionais nesta área.

Indicando que Lisboa “produz 900 toneladas de lixo por dia”, Carlos Moedas explicou que a limpeza da cidade “é um trabalho muito difícil”, que exige cooperação entre a câmara e as juntas de freguesia: “É um trabalho que nunca é perfeito, mas vamos sempre melhorando a situação”.

Além de valorizar os trabalhadores da higiene urbana, que têm “um trabalho duríssimo”, o presidente da câmara disse que a limpeza da cidade depende também dos lisboetas, que têm de cumprir as regras sobre a recolha do lixo, inclusive horários e locais de deposição de resíduos, lembrando que o município dispõe de um serviço gratuito de recolha de monos.

Neste âmbito, a Câmara de Lisboa lançou uma campanha de sensibilização à população, nomeadamente através dos expositores de publicidade MUPI (mobiliário urbano para informação).

“Temos muitos problemas, por exemplo, com algum alojamento local, em que os estrangeiros vêm e depois põem o lixo cá fora, fora das regras, portanto deixar um saco de lixo na rua não é admissível, mas acontece”, apontou o autarca.

Relativamente às reclamações sobre o lixo na cidade, Carlos Moedas referiu que, “muitas vezes”, essas queixas estão relacionadas com “alguma descoordenação que houve entre os serviços da câmara e das juntas”, com circuitos de recolha que numa determinada noite não se realizaram ou com a regra instituída de que no domingo não há recolha de resíduos e “muitas vezes há mais problemas no domingo”.

Reforçando que a higiene urbana é uma prioridade, o autarca adiantou que a câmara está a estudar um aumento da taxa turística em Lisboa, para que esse incremento “seja em grande parte dedicado à limpeza da cidade”.

A taxa turística na cidade de Lisboa começou a ser aplicada em janeiro de 2016 sobre as dormidas de turistas nacionais (incluindo lisboetas) e estrangeiros nas unidades hoteleiras ou de alojamento local. Inicialmente era de um euro por noite, mas a partir de janeiro de 2019 aumentou para dois euros por noite. Os passageiros dos navios de cruzeiros só começaram a pagar esta taxa este ano.

O presidente da câmara defendeu um turismo de qualidade, em que os lisboetas sintam que o turismo “está a trazer algo de bom”.

“Se o turismo tiver uma taxa turística superior e que essa taxa turística seja utilizada para limpar a cidade, as pessoas vão dizer: ‘Olha, os turistas estão a contribuir’. […] Se percebermos isso, o turismo será bem-vindo e não haverá esta fricção que muitas vezes começa a haver em que as pessoas começam a dizer: ‘Há muitos turistas, há muito lixo’”, indicou Carlos Moedas, frisando que o turismo precisa de contribuir para a qualidade de vida dos lisboetas.

Sobre a nova Unidade de Higiene Urbana de Belém, resultado de um investimento de 2,6 milhões de euros, o presidente da câmara referiu que o equipamento procura melhorar e reforçar a capacidade de resposta dos serviços de higiene urbana e recolha de resíduos na cidade, permitindo proximidade do sistema e condições de qualidade para os trabalhadores, inclusive uma cantina.

Ainda sobre os desafios da cidade na área da higiene urbana, o autarca lembrou a Jornada Mundial da Juventude, realizada em agosto, em que após as celebrações no Parque Eduardo VII, com cerca de 1,5 milhões de pessoas, três vezes mais pessoas do que a população de Lisboa, houve momentos de partilha, com as pessoas a ajudarem os trabalhadores a limpar.

“A cidade estava verdadeiramente impecável todos os dias. Foi um esforço incrível […]. O nosso maior desafio é, de certa forma, continuar a fazer aquilo que fizemos durante a Jornada Mundial da Juventude, todos os dias, na nossa cidade”, apelou, reiterando o agradecimento aos trabalhadores da higiene urbana.





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