Projeto transfronteiriço usa biomassa para aquecer aldeia de Vila Pouca de Aguiar



As casas da aldeia de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar, vão ser aquecidas através de uma central de biomassa alimentada pelos sobrantes da limpeza da floresta, no âmbito de um projeto-piloto transfronteiriço hoje anunciado.

“Escolhemos uma comunidade, obrigatoriamente uma comunidade pequena, para instalarmos um sistema coletivo de aquecimento com utilização de matéria vegetal”, afirmou à agência Lusa o presidente do município, Alberto Machado.

Tresminas, a 16 quilómetros da sede do concelho, Vila Pouca de Aguiar, tem cerca de 25 agregados familiares, casas concentradas, é também uma aldeia com população muito envelhecida e possui um serviço público que é o centro interpretativo do complexo mineiro.

Na sua envolvente há ainda uma grande mancha florestal.

“A ideia é instalar uma caldeira de biomassa, o seu funcionamento leva ao aquecimento de água, que depois irá aquecer as residências desta aldeia”, explicou o autarca, que adiantou que se os resultados forem positivos a solução poderá ser replicada em outras localidades.

O autarca lembrou que ainda há muitas carências no aquecimento das habitações de forma generalizada nas aldeias de Trás-os-Montes e salientou que este foi um dos pontos de partida para o projeto que foi alvo de uma candidatura ao programa Interreg.

Em Tresminas vão ser investidos cerca de 421 mil euros, dos quais 316 mil são financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) e a restante verba comparticipada pela câmara municipal.

A criação desta “aldeia modelo”, a que o município transmontano chamou “Aldealix”, está incluída num projeto transfronteiriço que envolve ainda uma outra aldeia de Arcos de Valdevez (Viana do Castelo) e duas espanholas em Monterrei e Cerdedo-Cotobade.

A iniciativa é impulsionada localmente pelo município de Vila Pouca de Aguiar e pela Agência Galega de Desenvolvimento Rural.

Segundo informação avançada pela câmara, a comunidade local envolvida poderá usufruir de energia em função do pagamento da matéria-prima e o espaço aldeão funcionará em regime de condomínio.

“Concilia-se com a utilização dos espaços florestais de uma forma racional, tirando os sobrantes para que possam aquecer a água (…) É otimizar o espaço florestal e promover o conforto térmico das casas”, referiu Alberto Machado, explicando que vai ser instalado todo o sistema de distribuição de água quente até à porta das casas dos residentes e, depois, o aquecimento no interior será feito através de radiadores.

O autarca perspetiva que a obra possa arrancar no segundo semestre deste ano.

Com a implementação do projeto, que tem a duração de dois anos, pretende-se valorizar e potenciar o uso de recursos florestais com fins energéticos, fomentar as comunidades energéticas, baseada numa rede de calor colaborativa, avançar com a transição ecológica e energética, adaptada às mudanças climáticas e atrair novos residentes para as zonas rurais.

Alberto Machado disse ter a esperança que, desta forma, seja possível motivar a fixação de mais pessoas nesta aldeia.

Como benefícios decorrentes da sua implementação são também apontados o contributo para a transição energética, a luta contra as alterações climáticas, a valorização da floresta e a prevenção de incêndios florestais.





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