Guarda-rios registam 909 ocorrências no rio Leça em 2023
Os guarda-rios do rio Leça, que atravessa os concelhos de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos, no distrito do Porto, registaram 909 ocorrências em 2023, revelou sexta-feira à Lusa o diretor-executivo da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça.
Estas situações anómalas relacionadas, por exemplo, com focos de poluição, erosão nas margens, depósitos de lixo, aterros ou atos de vandalismo foram encaminhadas para os respetivos municípios e para o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, referiu Artur Branco.
A supervisão da qualidade da água e do caudal do Leça, que é o primeiro rio nacional completamente monitorizado da nascente à foz, é feito com recurso a sondas multiparamétricas móveis e fixas e sondas ao nível da água, adiantou.
No decurso do projeto de limpeza e recuperação ecológica do rio, que decorreu durante o ano passado nos quatro municípios, foram plantadas 51.643 plantas nativas, das quais 36.150 árvores e 15.493 arbustos, avançou.
Também ao longo do ano passado foram retiradas 63 toneladas de madeira e resíduos do leito do rio, criando 444 unidades de pilhas de compostagem (processo biológico no qual resíduos orgânicos são transformados em composto usado para melhorar a biodiversidade), sublinhou Artur Branco.
Foram ainda cortados 295.267 metros quadrados de plantas exóticas invasoras ao longo do rio, assim como 602.529 metros quadrados de vegetação nas margens preservando, assim, as espécies nativas existentes, explicou.
Artur Branco ressalvou que no âmbito da empreitada foram ainda executadas soluções de engenharia natural em sete quilómetros do rio, nomeadamente 665 metros de entrançado vivo (usado na consolidação de taludes, encostas e proteção de margens fluviais), 1.217 metros de faxinas vivas (feixe com ramagem que serve como estruturas de habitat para várias espécies) e 2.835 metros cúbicos de enrocamento com pedra e vegetação (dispositivo amortecedor formado por estrutura em pedra e vegetação para proteger taludes e canais).
A empreitada implicou também a construção de 880 metros de muros e o reperfilamento de 1.541 metros cúbicos de margens, acrescentou.
O diretor-executivo da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça salientou que, no âmbito da recuperação ecológica do rio, foram cadastrados 214 tubos de descarga, 56 de captação e 52 casas de motor.
Estas ações tiveram um investimento de quatro milhões de euros, financiados através do programa REACT-EU.
O rio Leça, que atravessa quatro municípios e que já foi considerado um dos mais poluídos da Europa, tem uma extensão de 48 quilómetros.
Atravessando uma região com intensa atividade industrial, o rio foi, ao longo dos anos, afetado com vários focos de poluição, que degradou a qualidade das águas e dos sistemas biológicos.