Câmara de Coimbra identifica 36 novas áreas naturais para preservar e conservar
A Câmara de Coimbra, num trabalho em conjunto com a associação ambientalista MilVoz, identificou 36 novas áreas naturais de elevado valor biológico no concelho que interessa preservar e conservar, foi ontem anunciado.
O estudo, realizado pela MilVoz e promovido pela Câmara de Coimbra, identificou 36 novas áreas de elevado valor biológico no concelho com maior prioridade de preservação e conservação, e cinco delas, “as mais sensíveis”, serão alvo de intervenção pelo município até ao final de 2025, afirmou o vereador com a pasta do ambiente, Carlos Lopes, que falava durante a conferência de imprensa realizada hoje para apresentação da iniciativa.
Depois do estudo, seguir-se-á agora um trabalho de identificação e georreferenciação mais fino de cada uma das 36 novas áreas para futuramente integrarem a rede de microrreservas do concelho, aclarou Carlos Lopes, salientando que a autarquia está também à procura de financiamento para assegurar a preservação e conservação das áreas identificadas.
Segundo Carlos Lopes, as cinco áreas prioritárias, com um total de cerca de oito hectares, são: Copeira (junto ao Rebolim), Quinta da Urgeiriça (próximo de Castelo Viegas), Senhora da Alegria (entre as povoações de Almalaguês e Rio de Galinhas), Escravote (Eiras) e Mata de Santa Catarina (entre Várzeas e Lordemão).
No Escravote, encontra-se um “reduto de floresta laurissilva”, dominada pelo loureiro, na Mata de Santa Catarina há um bosque com carvalho português e a Copeira é uma encosta “revestida de floresta de caráter atlântico” com uma população de corsos “muito bem estabelecida”, notou o vice-presidente da MilVoz, Manuel Malva, salientando que a Senhora da Alegria foi a primeira biorrerva constituída pela associação e que pode servir de “modelo a replicar” noutros espaços do concelho.
Manuel Malva sublinhou que nas 36 áreas identificadas – que designa de ‘hotspots’ de biodiversidade – regista-se um predomínio da área central do concelho, onde se encontra “o maciço calcário, que reúne condições para haver um coberto vegetal bem preservado, já que noutras áreas, com outros solos, encontram-se extensas monoculturas de eucalipto”.
Segundo Manuel Malva, uma das intervenções mais necessárias nas áreas identificadas passa pelo controlo de espécies vegetais invasoras, que “têm a capacidade de pôr em causa a integridade destes habitats”.
Para o estudo, a associação desenhou uma escala comparativa de classificação de prioridade de intervenção, determinada pela urgência de preservação (pressões urbanísticas ou riscos de incêndio), importância ou raridade do ‘habitat’, extensão contínua da área e a presença de espécies raras ou ameaçadas, aclarou o presidente da MilVoz, Pedro Gomes.
“Há sítios muito bem conservados e poderão ser também um ponto de partida para educar a população para a importância destes locais”, realçou.
Também presente na conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, destacou a biorreserva da Senhora da Alegria criada pela MilVoz como “um exemplo extraordinário”, apontando um “excelente caminho para a preservação da natureza e do meio ambiente”.
“É preciso fundos, que vontade não nos falta, para que possamos ter aqui um conjunto de 36 microrreservas. Da nossa parte, vamos empenhar-nos para isso seja possível”, vincou, salientando a importância de a autarquia trabalhar em conjunto com as associações ambientalistas em prol da preservação da biodiversidade do concelho.
Apesar de a maioria das 36 zonas estarem em terrenos públicos, José Manuel Silva referiu que a identificação dos ‘hotspots’ será tida em conta no âmbito da revisão do Plano Diretor Municipal, para garantir que “estas zonas não sejam destruídas por interesses económicos ou outros”.