Identificada nova espécie de cobra gigante na Amazónia



Uma equipa de cientistas que se encontrava no local com uma equipa de filmagem na remota Amazónia descobriu uma espécie de anaconda nunca antes documentada.

O Professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland, liderou uma equipa que capturou e estudou vários exemplares da recém-nomeada anaconda verde do norte (Eunectes akayima), localizada na região de Bameno, no Território Baihuaeri Waorani, na Amazónia equatoriana.

“A nossa equipa recebeu um convite raro do povo Waorani para explorar a região e recolher amostras de uma população de anacondas, que se diz ser a maior que existe”, afirmou o Professor Fry.

O investigador explica que “os caçadores indígenas levaram-nos para a selva numa expedição de 10 dias para procurar estas cobras, que consideram sagradas”, sublinhando que “remámos em canoas pelo sistema fluvial e tivemos a sorte de encontrar várias anacondas à espreita nos baixios, à espera de uma presa”.

“O tamanho destas criaturas magníficas era incrível – uma anaconda fêmea que encontrámos media uns espantosos 6,3 metros de comprimento”, revela, acrescentando que “há relatos anedóticos do povo Waorani de outras anacondas na área medindo mais de 7,5 metros de comprimento e pesando cerca de 500 quilos”.

O Professor Fry afirmou que as espécies de anaconda verde do norte divergiram da anaconda verde do sul há quase 10 milhões de anos e que diferem geneticamente em 5,5 por cento.

“É bastante significativo – para pôr isto em perspetiva, os humanos diferem dos chimpanzés apenas em cerca de 2%”, explicou, sublinhando que “esta descoberta é o ponto alto da minha carreira”.

A nova espécie de anaconda foi encontrada durante as filmagens com a National Geographic para a sua próxima série Pole to Pole com Will Smith, da Disney+, na qual o Professor Fry, um explorador da National Geographic, foi o líder científico da expedição.

“A nossa viagem ao coração da Amazónia, facilitada pelo convite do chefe Waorani Penti Baihua, foi um verdadeiro esforço intercultural”, afirmou, acrescentando que “a importância dos nossos colaboradores Waorani é reconhecida pelo facto de serem co-autores do artigo”.

Os cientistas também se propuseram a comparar a genética da anaconda verde com espécimes coletados em outros lugares pelo especialista em anaconda líder mundial, Jesus Rivas, da New Mexico Highlands University, e usá-los como uma espécie indicadora da saúde do ecossistema.

O Professor Fry afirmou que a Amazónia continua a enfrentar ameaças ecológicas alarmantes.

“A desflorestação da bacia amazónica devido à expansão agrícola resultou numa perda de habitat estimada em 20-31%, que pode afetar até 40% das suas florestas até 2050”, afirmou.

“Outro problema crescente é a degradação do habitat devido à fragmentação da terra, liderada pela agricultura industrializada e pela poluição por metais pesados associada aos derrames das atividades de extração de petróleo”, acrescentou, sublinhando que “os incêndios florestais, a seca e as alterações climáticas são também ameaças notáveis”.

O professor disse ainda que “estas raras anacondas e as outras espécies que partilham este ecossistema remoto enfrentam desafios significativos” e que o seu próximo projeto de investigação se centrará na poluição por metais pesados na Amazónia.

“Não são apenas estas cobras gigantescas que estão a enfrentar ameaças ambientais, mas quase todos os seres vivos da região”, afirmou, sublinhando que “a descoberta de uma nova espécie de anaconda é empolgante, mas é fundamental sublinhar a necessidade urgente de continuar a investigar estas espécies e ecossistemas ameaçados”.

“É particularmente urgente investigar a forma como os produtos petroquímicos provenientes de derrames de petróleo estão a afetar a fertilidade e a biologia reprodutiva destas serpentes raras e de outras espécies-chave da Amazónia”, concluiu.





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