“É um bom tempo para avançar para a eletrificação”. Volvo produz o último automóvel a gasóleo da história da marca
A Volvo decidiu dar mais um importante passo na sua jornada para a eletrificação. A construtora sueca produziu aquele que será o último modelo movido a gasóleo da história da Volvo Cars.
Trata-se de um Volvo XC90 que saiu da linha de produção da fábrica da Volvo Cars em Torslanda, na Suécia, e que segue diretamente para o Museu da marca em Gotemburgo, assinalando assim o fim de uma era.
“É um bom tempo para avançar para a eletrificação”, disse em entrevista à Green Savers, Erik Severinson, Head of Strategy and Programme Management da Volvo Cars, sublinhando que o objetivo da construtora é ser totalmente elétrica até 2030.
Há apenas quatro anos, o motor a gasóleo liderava as vendas de veículos novos da marca, no entanto, explica, a sua venda representou menos de 10% das vendas totais da Volvo Cars no ano passado.
A tendência inverteu-se assim ao longo dos anos e, no ano passado, explicou o responsável, a maioria das vendas da marca na Europa consistiu em automóveis eletrificados, com um grupo motopropulsor totalmente elétrico ou híbrido plug-in.
“Em 2019, a maioria dos carros vendidos pela Volvo na Europa tinham um motor a gasóleo, no ano passado foram menos de 10%. Nesse mesmo período, a Volvo continuou a crescer, adicionamos novos clientes à carteira e convertemos os clientes diesel para as versões totalmente elétricas e para híbridos plugin”, esclareceu Erik Severinson.
No que diz respeito ao mercado português, a Volvo Cars conta com uma penetração da eletrificação acima da média europeia, o que se revela uma surpresa e uma referência nos mercados do sul da Europa.
Paralelamente, explica, a marca está a desinvestir na produção de veículos a combustão, mostrando assim que a eletrificação é o caminho que o mundo vai seguir. “Acredito que isso pode ser uma fonte de inspiração para outras indústrias e construtoras, para se focarem na eletrificação “.
Para além disso, confessa, “esta transição não é um momento dramático para a Volvo porque os clientes já estão a avançar para a eletrificação”, no entanto, a decisão de eliminar completamente os motores diesel mostra a rapidez com que tanto a indústria automóvel como a preferência dos clientes estão a mudar para responder à crise climática.
DESCARBONIZAR
“O gasóleo acarreta emissões de dióxido de carbono nocivas para o meio ambiente, e essa é uma das principais razões por que estamos a descontinuar o gasóleo e a fazer a transição para o totalmente elétrico e híbridos”, destaca o responsável, sublinhando que esta iniciativa da marca vai contribuir igualmente com um efeito positivo na qualidade do ar urbano.
Apesar de os motores a gasóleo emitirem menos CO2 do que os motores a gasolina, emitem mais gases como o óxido de azoto (NOx), que têm um efeito adverso na qualidade do ar, especialmente nas zonas urbanas.
CRESCIMENTO
Em Portugal, a popularidade da gama de modelos eletrificados da Volvo tem vindo a crescer.
Em 2023, por exemplo, a venda destas unidades já representou 82% das vendas nacionais da Volvo com a quota dos automóveis 100% eletrificados a pesar já 26% do mix total nacional. Estes números são superiores às médias europeias (54% e 18%) e mundiais da marca (33% e 11%) que fazem de Portugal uma referência a nível mundial para a Volvo
A ajudar nestes números está a chegada do EX30, a mais recente novidade da marca sueca e também o mais pequeno SUV de sempre da Volvo, que já se encontra a circular nas estradas nacionais e já conquistou os portugueses arrecadando igualmente vários prémios. Este novo modelo tem vindo a bater alguns recordes e é já o automóvel com o maior volume de sempre em pré-encomendas da marca em Portugal.
METAS
Já em 2022 a Volvo decidiu abandonar o desenvolvimento de novos motores de combustão. Agora, o mote está cimentado, a partir de 2030, a Volvo Cars pretende comercializar apenas automóveis 100% elétricos e, atingir, até 2040, a neutralidade climática.
O anúncio do fim da produção de veículos a diesel aconteceu durante a Climate Week em Nova York, em setembro de 2023 tornando a marca num dos primeiros fabricantes de automóveis tradicionais a dar este passo.
“Os grandes desafios já estão para trás de nós. A maioria dos nossos clientes já fizeram a transição para soluções totalmente elétricas ou híbridas”, admite Erik Severinson, sublinhando que os principais desafios na jornada de eletrificação passam por resolver o custo e a autonomia dos veículos elétricos, “o que se resolverá quando se aplicarem novas tecnologias e novas arquiteturas nos próximos anos”.
Para além disso, sublinha a importância de educar e falar com os clientes, elucidando-os do porquê de estarem a eletrificar a indústria automóvel.
“Desde que sejamos transparentes, acredito que consigamos com que eles percebam os benefícios da eletrificação”, termina.