África pode ajudar a descarbonizar a economia global se tiver ajuda externa
O Presidente queniano afirmou ontem, em Seul, que África pode ajudar a descarbonizar a economia global se os países desenvolvidos investirem no potencial da região.
William Ruto, que esta semana se encontra em Seul para a cimeira África-Coreia do Sul, na qual o país asiático prometeu 24 mil milhões de dólares (cerca de 22 mil milhões de euros) em ajuda e apoio ao investimento em África, apelou aos países ricos para fazerem mais pela transição do continente para as energias limpas, desde a transferência de tecnologia ao financiamento.
“Estamos a ver os efeitos das alterações climáticas em todo o lado”, afirmou o Presidente queniano à agência noticiosa France Presse (AFP), citando o exemplo do Quénia, que sofreu recentemente uma seca extrema e inundações devastadoras.
África quer “fazer parte da solução”, acrescentou, lamentando o facto de o continente estar a ser posto de lado nos esforços climáticos, numa alusão aos recentes investimentos em energias renováveis, dos quais apenas uma pequena parte foi dirigida a África.
“Podemos utilizar os ativos que temos nas energias renováveis, os nossos recursos minerais e o nosso capital humano no continente para descarbonizar não só a nossa produção e o nosso consumo, mas também a produção e o consumo globais”, referiu.
Para tal, é necessária “uma arquitetura financeira internacional que dê aos países que mais sofrem e que menos contribuíram, as melhores hipóteses de resistir e de se adaptar”, declarou.
A ajuda anunciada esta semana por Seul tem como objetivo dotar os países africanos de mais recursos para se adaptarem às alterações climáticas e gerirem os seus efeitos.
Em 2009, os países desenvolvidos prometeram mobilizar cerca de 100 mil milhões de dólares (cerca de 92 mil milhões de euros) por ano até 2020 para ajudar os países pobres a investir em energias limpas e a lidar com os efeitos do aquecimento global.
Este objetivo foi atingido pela primeira vez em 2022, garantiu a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na semana passada.
Embora estes 100 mil milhões de dólares sejam “um passo na direção certa”, é necessário mais, indicou Ruto.
De acordo com uma estimativa das Nações Unidas (ONU), os países em desenvolvimento (excluindo a China) necessitarão de 2,4 biliões de dólares (cerca de 2,2 biliões de euros) por ano para cumprirem os seus objetivos e necessidades em matéria de clima.
No início deste ano, o Quénia foi atingido por chuvas torrenciais, amplificadas pelo fenómeno meteorológico El Niño, que mataram cerca de 300 pessoas em inundações desde março, de acordo com o Governo.
Ruto afirmou que a sua administração está a trabalhar a todos os níveis para tornar o país mais resistente a fenómenos meteorológicos extremos.
“Estamos a aumentar a cobertura florestal de 10% para 30%”, afirmou à AFP, acrescentando que o país vai plantar 15 mil milhões de árvores.