Primeiro-ministro pede responsabilidade e gestão racional da água
O primeiro-ministro apelou ontem em Albufeira à responsabilidade e a uma gestão racional do consumo de água, durante a assinatura do contrato de construção da futura dessalinizadora do Algarve, que deverá estar construída até finais de 2026.
“Nunca podemos perder o foco na responsabilização. Nunca podemos perder o foco na responsabilidade. Nunca podemos perder o foco em evitar qualquer sensação de que os problemas estão resolvidos”, disse Luís Montenegro na sessão de assinatura do contrato de conceção, construção e exploração da futura central produtora de água doce a partir de água salgada.
Na sessão, realizada em Albufeira, onde ficará instalada a central dessalinizadora, o chefe do Governo classificou a construção da infraestrutura como “um momento histórico para o país e para a região”.
O projeto de construção de uma dessalinizadora em Albufeira, no distrito de Faro, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região mais a sul de Portugal continental, integrada num pacote de medidas lançado pelo anterior Governo e que teve continuidade no atual executivo.
O contrato de adjudicação, que representa um investimento de cerca de 108 milhões de euros, está integrado no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, enquadrado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Luís Montenegro recordou que na quarta-feira, também no Algarve, terá lugar uma cimeira luso-espanhola em que o tema central é precisamente a questão da água, um recurso cuja gestão considerou ser “absolutamente estratégica” e “estruturante”.
“Nós não temos o direito de gerir mal um recurso que é hoje fundamental, mas vai ser fundamental também para as próximas gerações. Nós temos, pelo contrário, o dever de o gerir de forma a garantir que não faltará água, quer para a utilização urbana humana, quer para todas as atividades económicas onde ela é relevante”, disse.
O primeiro-ministro defendeu a necessidade de promover a sustentabilidade, mas advertiu que esta tem de estar “ao serviço das pessoas” e da “atividade económica”, considerando estarem “errados” aqueles que defendem os “fundamentalismos ambientais” ou os que têm “despreocupação ambiental”.
A futura dessalinizadora terá como capacidade inicial 16 milhões de metros cúbicos (m3), mas o projeto prevê que tenha capacidade para tratar até três vezes mais do que esse volume, ou seja até aos 24 milhões m3 de água.
A região do Algarve tem sofrido, ao longo dos últimos anos, ciclos de seca prolongada associada a uma situação de escassez hídrica já considerada estrutural, resultando numa diminuição dos volumes de água armazenada nas várias origens disponíveis.
O consórcio luso-espanhol de empresas que vai construir a dessalinizadora irá também ser responsável pela “exploração do empreendimento por um período de três anos” depois de a obra estar concluída, segundo a Águas do Algarve.
A futura dessalinizadora integra um conjunto de outros investimentos previstos ao abrigo do PRR e que vão permitir aumentar em mais 69 hectómetros cúbicos (hm3) as disponibilidades hídricas da região.
Entre eles, a captação nas albufeiras de Odeleite e Bravura, o incremento da produção de água para reutilização, o reforço da interligação entre os sistemas do barlavento (oeste) e sotavento (leste) e a construção de um sistema de captação de água no Rio Guadiana, a jusante do Pomarão.
A Águas do Algarve é a empresa pública responsável pelo abastecimento de água na região e tem a seu cargo a gestão de infraestruturas como barragens ou Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).