Braga pede ao Governo para não mexer no custo da recolha de resíduos
O presidente da Câmara de Braga, o social-democrata Ricardo Rio, exortou ontem o Governo a não alterar o despacho relativo às contrapartidas financeiras da recolha seletiva e triagem de resíduos, em nome da sustentabilidade financeira dos sistemas de gestão.
Segundo o autarca, a alteração de cálculo das contrapartidas poderá acarretar “um impacto financeiro negativo significativo” para a Braval [empresa que procede à valorização e tratamento dos resíduos sólidos no Baixo Cávado], conduzindo a um défice estimado de meio milhão de euros anuais”.
Em causa as “pressões públicas” para a alteração do despacho que regula o cálculo das contrapartidas financeiras para os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) em relação à recolha seletiva e triagem de resíduos de embalagem.
Neste despacho, é preconizado que os referidos custos devem ser determinados em cenário de eficiência e devem incluir os custos de investimento, os custos de financiamento, os custos de exploração e ainda os custos de estrutura associados às atividades referidas.
“A possibilidade de mudança do método de cálculo representa sérios riscos para a sustentabilidade financeira do sistema de gestão de resíduos, prejudicando entidades como a BRAVAL e os municípios acionistas, tal como sucedeu ao longo dos últimos 29 anos, em que estes custos não foram devidamente ressarcidos”, refere o autarca de Braga.
Acrescenta que este “desequilíbrio histórico resultaria agora num aumento da tarifa de deposição de resíduos, que poderá subir num valor de até dez euros por tonelada de resíduos, sobrecarregando os munícipes da região”.
A juntar a isto, os aumentos salariais previstos, o incremento do custo de bens e serviços essenciais e a cessação das bonificações associadas à produção de energia a partir do biogás “tornam a situação mais complexa e podem agravar ainda mais o valor da tarifa”.
“Caso o modelo de cálculo das contrapartidas decorrente do mais recente despacho do Governo seja alterado, todos os fatores elencados, combinados com os investimentos que a empresa pretende realizar para melhorar a gestão de resíduos na região, ameaçam colocar uma pressão adicional na sustentabilidade económica do sistema”, alerta Ricardo Rio.
Neste contexto, o autarca apela ao Governo para que mantenha os termos originais do despacho, considerando qque o modelo agora estabelecido “reflete de forma justa o princípio da responsabilidade alargada do produtor, ao mesmo tempo que salvaguarda a sustentabilidade e a estabilidade financeira dos sistemas de gestão de resíduos urbanos”.
A Câmara de Braga é detentora da maioria do capital da Braval.