Investigadores defendem que as florestas naturais não devem contar para os objetivos climáticos



Os objetivos de temperatura do Acordo de Paris podem não ser atingidos se a absorção passiva de CO2 for contabilizada como uma remoção no cálculo do total de emissões antropogénicas, sugere uma publicação na Nature.

Segundo a mesma fonte, todas as entidades comprometidas com o limite de temperatura a longo prazo do Acordo de Paris precisam de planear para alcançar conjuntamente o Geological Net Zero global.

As emissões de CO2 continuarão a impulsionar o aquecimento global até serem equilibradas por uma remoção ativa. A definição de remoção utilizada pelos relatórios de avaliação do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas exclui explicitamente a inclusão da absorção natural de CO2 não diretamente causada por atividades humanas na sua avaliação das remoções antropogénicas de CO2 .

No entanto, muitos outros sistemas de comunicação de informações, incluindo os inventários nacionais de gases com efeito de estufa, permitem que a absorção passiva – absorção deCO2 por sistemas naturais, como as florestas – seja incluída como remoção se ocorrer em “terras geridas” (que os países determinam por si próprios).

Myles Allen e colegas argumentam que os objetivos do Acordo de Paris podem não ser atingidos se a absorção passiva for contabilizada no cálculo das remoções de CO2. Indicam que a contabilização da absorção passiva como uma remoção irá abrandar o aquecimento global em vez de o travar.

Os autores propõem que as categorias de gestão dos solos sejam desagregadas nos relatórios e objetivos de emissões, de modo a ter em conta o papel da absorção passiva. Sugerem também que, sempre que possível, quaisquer remoções reivindicadas devem ser adicionais à absorção passiva e propõem um novo mecanismo para a atribuição de recursos à proteção dos sumidouros passivos de carbono.

Além disso, Allen e os seus coautores propõem que os objetivos futuros para limitar as emissões de CO2 tenham em conta a necessidade de atingir o “Geological Net Zero”, em que, por cada tonelada de CO2 gerada por fontes de combustíveis fósseis, outra tonelada é permanentemente restituída à terra sólida.

Sugerem que, para além da redução das emissões, 10% das emissões de CO2 ainda geradas devem ser armazenadas geologicamente até meados da década de 2030, sendo necessário investir agora para que esta fração armazenada seja multiplicada por dez nos 20 anos seguintes. Embora ambicioso, os autores defendem que este objetivo é exequível.





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