Tubarões-baleia podem estar a dar à luz em locais extremos



O tubarão-baleia (Rhincodon typus), podendo chegar aos 18 metros de comprimento, é o maior peixe do mundo. Contudo, apesar do seu tamanho pouco inconspícuo e de ser de grande importância para a saúde dos ecossistemas marinhos, pouco se sabe sobre como e onde esse dócil gigante se reproduz.

Mas uma equipa de cientistas acredita ter descoberto que tipos de habitats as fêmeas de tubarão-baleia preferem para dar à luz as suas crias.

Observar recém-nascidos, que chegam ao mundo já com quase metro e meio de comprimento, é algo raro, sendo que entre 1970 e 2020 foram apenas registadas 35 observações em todo o mundo. Com esses dados em mãos, um trio de investigadores da organização científica Marine Biological Association, no Reino Unido, cruzaram dados das poucas observações existentes de recém-nascidos com informações oceanográficas sobre os locais onde aconteceram.

Num artigo publicado na revista ‘Ecology and Evolution’, a equipa revela que parece existir uma ligação entre a distribuição de tubarões-baleia recém-nascidos e zonas do oceano com níveis de oxigénio extremamente baixos e com uma alta produtividade de algas.

Com base nos resultados, os investigadores propõem duas explicações possíveis. Uma é que as fêmeas de tubarão-baleia escolhem dar à luz perto de zonas com pouco oxigénio dissolvido na água porque é pouco provável que haja predadores nas redondezas devido às condições pouco favoráveis. Assim, protegidos, os pequenos tubarões-baleia podem alimentar-se à vontade sem correrem grandes riscos.

Outra explicação possível é que as progenitoras dão à luz aleatoriamente, sem escolherem deliberadamente um local, mas as zonas com pouco oxigénio obrigam as crias a manter-se perto da superfície, onde os níveis de oxigénio não serão tão reduzidos, fazendo com que sejam mais facilmente observados, e também capturados.

“A nossa análise sugere que [as zonas marinhas com os menores níveis de oxigénio dissolvido na água] podem desempenhar um papel importante no início da vida dos tubarões-baleia, e, talvez, até de outros jovens tubarões, ao serem refúgios naturais, oferecendo proteção contra predadores e fontes de alimento abundantes”, salienta, em comunicado, David Sims, um dos autores do artigo.

Os tubarões-baleia são uma espécie ameaçada de extinção, classificada atualmente como “Em Perigo” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. As alterações climáticas, a degradação e perda de habitat, a captura acessória e as colisões com embarcações são as suas principais ameaças.

Por isso, os investigadores acreditam que saber onde esses gigantes dos oceanos dão à luz e conhecer os locais mais importantes nos primeiros momentos de vida das suas crias é fundamental, especialmente em esforços de conservação marinha, como a criação de áreas protegidas.

Com o agravamento das alterações climáticas, as previsões apontam para o aumento do número e dimensão das zonas dos oceanos com baixos níveis de oxigénio, o que porá ainda mais em risco a sobrevivência de inúmeras espécies marinhas, incluindo os tubarões-baleia. Resta saber, dizem os investigadores, se o maior peixe do mundo conseguirá adaptar a condições ambientais cada vez mais duras.

Esquadrinhar os mares e oceanos em busca de áreas com características semelhantes àquelas em que foram observados os tubarões-baleia recém-nascidos pode ajudar os cientistas a descobrirem novas áreas de reprodução e, assim, saber mais sobre como vivem e se reproduzem, para protegê-los melhor.





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