Cientistas revelam como esta espécie rara de peixe “se esconde” na luz

Os peixes da espécie Vinciguerria mabahiss só são encontrados em águas profundas e escuras na região norte do Mar Vermelho e no Golfo de Aqaba, cujas margens tocam o Egipto, Israel, Jordânia e Arábia Saudita.
Por ser a que, desse género, tem a menor área de distribuição, pouco se sabe sobre a sua biologia e a sua ecologia, sendo, por isso, considerada rada, mas é uma espécie que é capaz de produzir luz, um fenómeno conhecido como bioluminescência. E um grupo de investigadores quis desvendar como é que esse peixe consegue fazê-lo.
Num artigo publicado esta semana na revista ‘Ichthyological Research’, a equipa estudou os órgãos produtores de luz da espécie, para tentar perceber a sua estrutura e também como é que este peixe enigmático usa a bioluminescência para se movimentar pela água.

Foto: Todd Clardy
“Uma das coisas que queríamos fazer era descobrir como esta espécie de peixe usa a luz que ela produz”, explica, em comunicado, Todd Clardy, gestor das coleções ictiológicas do Museu de História Natural de Los Angeles (Estados Unidos da América) e primeiro autor do estudo.
Para isso, analisaram a estrutura celular dos órgãos produtores de luz, chamados de fotóforos, bem como o seu tamanho e disposição ao longo do corpo do peixe. Dessa forma, queriam perceber para que fim o animal produz luz, e os resultados sugerem que a usa para criar um efeito de contraluz.
Ao passo que algumas espécies das zonas menos iluminadas dos mares e oceanos usam a luz para atraírem presas, por exemplo, este pequeno peixe, com cerca de seis centímetros de comprimento, usa a luz para esbater os contornos do seu corpo e, assim, esconder-se de predadores que possam estar em busca da próxima refeição.
“O peixe está camuflado, quase invisível”, aponta Clardy.
A bioluminescência não é, na verdade, criada pelo próprio peixe, mas sim por bactérias luminescentes que vivem no fotóforos do animal. Essa luz, aliada a uma densa camada de pigmento que o peixe tem na sua pele que impede que os raios atravessem o seu corpo e a células refletoras que amplificam a luminosidade produzida, permite ao Vinciguerria mabahiss esconder-se na luz, literalmente.
Como é uma espécie com uma distribuição geográfica muito limitada, que vive em profundidade e raramente cruza o caminho de algum humano, não tem um nome comum em nenhuma língua, mas os autores deste trabalho esperam que a investigação incentive outros a estudarem este peixe críptico que, acreditam eles, ajudará a ampliar o conhecimento existente sobre a bioluminescência